Estreia da Disney em streaming complica relação com Amazon
(Bloomberg) — Quando a Walt Disney lançou seu serviço de streaming na semana passada, a empresa tinha um parceiro importante: a Amazon.com.
Muitos consumidores se conectaram ao Disney+ por meio dos players de mídia digital Fire TV da gigante da tecnologia. E o Amazon Web Services ajudou a disponibilizar filmes e programas de TV da Disney para telespectadores através de sua rede de computação em nuvem.
Mas a Amazon também é concorrente da Disney em streaming - um dos muitos chamados "frenemies" - junção das palavras friend (amigo) e enemy (inimigo) em inglês - no crescente mercado da TV on-line.
Empresas de mídia e tecnologia forjaram alianças desconfortáveis ao lidar com uma das maiores mudanças na história do entretenimento. Exibir programas e filmes para consumidores on-line exigiu um novo nível de trabalho em equipe entre Hollywood e o Vale do Silício, que nem sempre ocorre sem problemas.
A Disney levou meses para que a maioria das maiores empresas de dispositivos de mídia concordasse em transmitir seu novo serviço de streaming, um passo fundamental para garantir que o Disney+ estivesse amplamente disponível. A Amazon foi uma das últimas plataformas a assinar o acordo: o anúncio foi feito dias antes do lançamento na semana passada.
"O fato de estar em várias linhas de negócios juntos é problemático", disse Sandy Jap, professora da escola de negócios da Universidade Emory e autora de "Partnering with the Frenemy", um livro sobre gestão de relacionamentos corporativos. Metade dessas parcerias acaba não dando certo, disse a professora.
No passado, uma empresa como a Disney dependia amplamente de terceiros para distribuir conteúdo, fossem operadoras de TV a cabo ou redes de cinema. Agora, a empresa precisa de novos relacionamentos - e estes podem ser delicados.
A Apple lançou seu produto de TV por assinatura com uma grande promoção em 1º de novembro. Também distribui serviços como Disney+ e Netflix por meio de sua loja de aplicativos e players de mídia digital.
Marvel
Os conflitos afetam onde os programas são transmitidos e onde os serviços são anunciados. A Netflix parou de produzir novos episódios dos programas Marvel da Disney, como "Jessica Jones" e "Luke Cage", depois que a Disney se recusou a renovar um acordo para vender seus filmes para o serviço. No mês passado, circularam informações de que a Disney não estava permitindo que anúncios da Netflix fossem exibidos em sua rede ABC.
O problema dos "frenemies" não é inteiramente novo, claro. A Amazon começou vendendo livros - e ainda é a maior loja da indústria editorial nos EUA -, mas a gigante do comércio eletrônico entrou em conflito com empresas sobre tópicos como preços, e-books e venda de livros usados.
Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net
Repórteres da matéria original: Chris Palmeri Los Angeles, cpalmeri1@bloomberg.net;Matt Day em Seattle, mday63@bloomberg.net
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