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Iraque desiste de proposta por cortes mais profundos pela Opep+

Dina Khrennikova, Nayla Razzouk e Golnar Motevalli

04/12/2019 16h05

(Bloomberg) -- O Iraque não vai mais defender a estratégia de cortes mais profundos da produção da Opep e aliados. Agora, o ministro de Petróleo iraquiano, Thamir Ghadhban, diz que prefere estender os limites atuais de oferta por um ano.

A mudança de postura inesperada do segundo maior produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, combinada com o silêncio da Arábia Saudita e aliados do Golfo, deixou o mercado de petróleo se perguntando o que o grupo estaria planejando antes das negociações em Viena na quinta-feira.

A chamada aliança Opep+ tem reduzido a produção em cerca de 1,2 milhão de barris por dia desde o início do ano com o objetivo de eliminar o excedente e valorizar os preços do petróleo. O acordo termina no fim de março, e os ministros devem decidir o que fazer depois.

Um corte mais profundo pode ser exatamente o que o mercado e, em particular, os sauditas precisam em 2020. O crescimento da demanda está desacelerando e outra enorme expansão da produção de rivais está a caminho. Juntos, esses fatores podem criar outro superávit de oferta que empurraria as cotações internacionais para US$ 50 por barril.

É um valor muito baixo para a maioria dos membros da Opep equilibrarem os orçamentos e criaria um infeliz epílogo para a oferta pública inicial recorde da petroleira estatal saudita Aramco.

Ainda assim, antes desta semana, a grande maioria de analistas e operadores consultados pela Bloomberg consideravam uma extensão dos níveis atuais de produção como o resultado mais provável. A desistência do Iraque por uma medida mais ousada, apesar de ter o pior histórico entre os maiores produtores na implementação do atual acordo, alimentou especulações de que o cartel pode estar preparando uma surpresa.

Reação cética

O status do Iraque como um improvável defensor de cortes mais profundos - na verdade, o país aumentou a produção desde o acordo do ano passado - provocou certo ceticismo quanto à iminência de uma redução genuína da oferta.

"Como costuma acontecer na Opep, é preciso incorporar um bom grau de psefologia para ver o que está acontecendo por trás das manchetes", disseram analistas da Redburn em relatório. A redução adicional de 400 mil barris por dia proposta pelo Iraque "realmente deixaria a produção física praticamente inalterada", porque o grupo já está bombeando menos do que sua meta oficial.

--Com a colaboração de Javier Blas, Laura Hurst, Dina Khrennikova, Anthony Dipaola, Grant Smith, Golnar Motevalli e Nayla Razzouk.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net

Repórteres da matéria original: Dina Khrennikova Moscow, dkhrennikova@bloomberg.net;Nayla Razzouk Dubai, nrazzouk2@bloomberg.net;Golnar Motevalli em Tehran, gmotevalli@bloomberg.net