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Depois de IPO, quase nenhuma ação da Aramco será negociada

Ben Scent e Jacqueline Gu

10/12/2019 13h27

(Bloomberg) -- A Saudi Aramco vai ultrapassar a Apple como a maior empresa de capital aberto do mundo quando estrear nesta semana depois da oferta pública inicial recorde. Mas, ao contrário do titã tecnológico, quase nenhuma das ações da petroleira será negociada.

A estatal do Golfo vendeu uma participação de 1,5% no IPO, enquanto o restante permanece sob controle do estado saudita. Essa porcentagem de ações de investidores que pode mudar de mãos está entre as mais baixas do mundo. Muitas das maiores empresas, como Amazon.com e Microsoft, possuem mais de 80% de suas ações em mãos de acionistas independentes.

Entre as 1 mil maiores empresas listadas por valor de mercado, apenas duas têm um volume de ações em circulação menor que o da Aramco, segundo dados compilados pela Bloomberg. Uma é montadora Audi, com o chamado "free float" de 0,36%, sendo o restante controlado pela Volkswagen. A outra é a concessionária estatal alemã EnBW Energie Baden-Wuerttemberg, que possui 0,37% das ações em mãos de investidores, segundo os dados. Seus dois maiores investidores possuem uma participação de 46,75% cada.

O baixo volume de ações listadas significa que o governo saudita pode tomar decisões que são positivas para o país, mas não necessariamente para os acionistas minoritários da Aramco. A empresa, que começa a ser negociada na quarta-feira, também ficará sob o guarda-chuva da Opep. A Arábia Saudita é a líder de fato, o que significa que a Aramco pode ter que arcar com o fardo de cortes da produção se outros membros não cumprirem as metas.

A empresa é tão grande que compiladores de índices como MSCI e FTSE Russell podem acelerar sua inclusão em indicadores de referência globais. A Aramco deve receber uma ponderação de cerca de 0,7% no índice MSCI Emerging Markets, levando a US$ 2,4 bilhões em compras automáticas de fundos que seguem o indicador, de acordo com estimativas de analistas.

--Com a colaboração de Christoph Rauwald, Mathieu Benhamou e William Wilkes.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net

Repórteres da matéria original: Ben Scent London, bscent@bloomberg.net;Jacqueline Gu em N York, jgu113@bloomberg.net