CEO de estaleiro de iates navega em águas desconhecidas com IPO
(Bloomberg) -- São tempos de angústia para os ricos do mundo, com políticos populistas em ascensão, tensões comerciais em alta e temor de que a euforia do mercado de ações possa estar chegando ao fim.
Portanto, pode ser surpreendente que um estaleiro de iates italiano - cujo produto mais barato custa US$ 4,5 milhões e os barcos de primeira linha saiam por mais de US$ 20 milhões - tenha optado por abrir capital esta semana.
Mas Massimo Perotti, da Sanlorenzo SpA, que é tão apaixonado por seu negócio que morou em um de seus barcos por anos, não é um líder corporativo comum. Ele mais que dobrou as vendas anuais desde que comprou a empresa em 2005, driblando com sucesso uma crise financeira global que achatou os gastos em produtos de luxo.
"O crescimento tem sido bastante notável", disse William Mathieson, diretor editorial do Superyacht Group, com sede em Londres. "Há dez anos, ele era visto como um fornecedor da esfera dos superiates, mas agora está firmemente estabelecido como uma marca que pode construir até 70 metros - e isso os coloca em uma faixa completamente diferente."
Um porta-voz da Sanlorenzo, em Ameglia, não quis comentar.
A oferta pública inicial da empresa é vista por alguns analistas como um termômetro para o segmento de luxo. Embora os iates tenham superado jatos particulares e obras de arte nos últimos cinco anos, de acordo com a Deloitte, as preocupações com as condições econômicas globais têm pesado sobre as vendas de superiates.
A Sanlorenzo é "mais aspiracional" que a Ferretti, pois todos seus iates são personalizados, disse Antonio Amendola, gestor da Acomea, no mês passado. Ainda assim, "ambas sofreriam" com uma desaceleração econômica, acrescentou.
Antes da listagem, Perotti vendeu ações no valor de pelo menos US$ 115 milhões em uma oferta precificada na faixa inferior do intervalo inicial. A participação restante de Perotti está avaliada em cerca de US$ 350 milhões, de acordo com o Índice de Bilionários Bloomberg.
Essa fortuna rivaliza com os proprietários de estaleiros cujas empresas fabricam iates ainda maiores que a Sanlorenzo, incluindo as famílias De Vries e Lurssen, e a Azimut Benetti SpA, de Paolo Vitelli. A empresa de Vitelli lançou um superiate de 108 metros de comprimento na Itália este ano, construído para o magnata australiano de cassinos James Packer, completo com cinema, sauna e fogueira.
Trabalhando em um setor em que a discrição é primordial, todos esses concorrentes mantiveram o capital fechado - e isso só aumenta o foco na listagem da Sanlorenzo.
"Todo mundo está observando como isso se desenvolve", disse Mathieson. "Eles não são a primeira empresa do setor de iates a abrir capital, mas são os primeiros com um perfil tão alto."
--Com a colaboração de Swetha Gopinath, Kat van Hoof e Michael Sasso.
Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net
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