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Com clima instável, commodities de nicho ganham em 2019

Michael Hirtzer e Ashley Robinson

02/01/2020 13h47

(Bloomberg) -- Guerra comercial, clima instável e agricultores irritados renderam grandes manchetes para o milho e a soja em 2019. Porém, commodities de nicho pouco negociadas registraram os maiores ganhos do ano.

As cotações do arroz, óleos vegetais e madeira serrada subiram pelo menos 25%. O motivo: condições climáticas descontroladas tiveram maior impacto em mercados menores, onde geralmente há menos certeza sobre o colchão de oferta. Volumes de negociação mais baixos também podem gerar oscilações exageradas de preços.

Confira alguns mercados de pequeno porte que registraram grandes ganhos:

Arroz e aveia

Excesso de umidade dificultou o plantio e a colheita de arroz, soja, milho e trigo na primavera dos Estados Unidos. Embora a preocupação com as colheitas tenha ajudado a gerar ganhos anuais para todos esses mercados, o aumento de cerca de 28% do arroz surpreendeu.

Além das incertezas sobre a oferta dos EUA, a produção de arroz no Brasil também foi prejudicada. Isso significa que há menos opções para países que normalmente se abastecem no hemisfério ocidental.

"Temos uma das menores colheitas de arroz já registradas no hemisfério ocidental", disse Milo Hamilton, presidente da Firstgrain, uma consultoria em comércio de arroz, com sede em Austin, Texas. "O preço doméstico no Brasil está nas alturas."

A aveia registrou o quarto ganho anual consecutivo, o maior período de valorização desde 2007. A alta foi impulsionada em parte pela crescente demanda por leite de aveia, de acordo com Scott Shiels, gerente de compras de grãos da Grain Millers Canada, em Yorkton, Saskatchewan.

É difícil dizer se os ganhos são de longo prazo, já que preços relativamente melhores podem levar agricultores a plantarem mais em 2020.

Óleos vegetais

Os preços de óleos de cozinha tiveram grande impulso. O movimento foi puxado pela peste suína africana na Ásia, que tem matado dezenas de milhões de porcos. Com o plantel de suínos encolhendo, processadores chineses de soja têm esmagado menos para produzir ração, o que também reduziu a oferta de óleo de soja. O mercado de óleo de palma também foi ajudado pela preocupação com a oferta e expectativa de forte demanda por biocombustíveis.

O óleo de soja comercializado em Chicago teve valorização de cerca de 27% em 2019, a maior alta desde 2010. O óleo de palma comercializado na Malásia de um salto de cerca de 47%.

Madeira

Os preços da madeira serrada embarcaram numa montanha-russa em 2019. Primeiro, os futuros de Chicago caíram cerca de 15%, atingindo o menor nível de 2019, de US$ 286,10, no fim de maio. A primavera chuvosa derrubou casas nos EUA, enquanto os produtores da Colúmbia Britânica, no Canadá, tentavam administrar a oferta.

A maré virou quando madeireiras finalmente reduziram a produção e as construções iniciadas nos EUA começaram a se recuperar. Os preços subiram cerca de 27% em 2019.

O rali deve continuar em 2020. Restrições no Canadá devem manter os estoques apertados na América do Norte, disse Kevin Mason, diretor-gerente da ERA Forest Products Research.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net

Repórteres da matéria original: Michael Hirtzer em Chicago, mhirtzer@bloomberg.net;Ashley Robinson em Winnipeg, arobinson193@bloomberg.net