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Goldman diz que ouro é melhor hedge que petróleo durante crise

Ranjeetha Pakiam e David Stringer

06/01/2020 07h41

(Bloomberg) -- A tensão no Oriente Médio alimenta a demanda por ativos seguros, o que levou o ouro ao maior nível em mais de seis anos. Segundo o Goldman Sachs, o metal precioso oferece um hedge mais eficaz do que o petróleo durante a crise. O paládio também atingiu máximas históricas.

O ouro chegou a ser negociado perto de US$ 1.600 a onça em reação às declarações do governo do Irã de que não pretende mais impor limites ao enriquecimento de urânio após o assassinato do general Qassem Soleimani. Além disso, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que está preparado para atacar o Irã "de maneira desproporcional" caso o país decida retaliar contra qualquer alvo dos EUA.

O ouro começou "2020 com forte momentum", disse por e-mail Gavin Wendt, analista de recursos sênior da MineLife Pty, em Sydney. "Quando você leva em conta as atuais incertezas em relação às negociações comerciais EUA-China e questões de segurança com o Irã" a opção pelo ouro é óbvia, segundo Wendt.

O ouro vem da maior valorização anual desde 2010, impulsionada por um dólar mais fraco, juros reais mais baixos e impacto da guerra comercial sobre o crescimento global. A crise resultante do ataque de um drone contra Soleimani tende a se agravar, reduzindo o apetite por risco e aumentando a demanda por ativos vistos como seguros. Embora analistas do Goldman alertem sobre a grande variedade de cenários possíveis neste estágio, o banco disse que o ouro pode ser uma aposta melhor do que o petróleo.

"A história mostra que, na maioria dos resultados, o ouro provavelmente subirá muito além dos níveis atuais", disseram analistas como Jeffrey Currie e Damien Courvalin em relatório de 6 de janeiro. Segundo o banco, essa análise é "consistente" com pesquisa anterior segundo a qual uma posição comprada em ouro oferece "melhor hedge para esses riscos geopolíticos".

Existem outros fatores que sustentam o ouro. É improvável que o Federal Reserve aumente as taxas de juros nos próximos seis meses, o que, por sua vez, provavelmente colocará um teto para o dólar americano - dois fatores "extremamente positivos" para o ouro, de acordo com Wendt, da MineLife.

O paládio também se beneficiou do otimismo em torno de ativos mais seguros, bem como de seus próprios fundamentos: o metal vem de anos de déficit com o aumento da demanda por autocatalisadores devido aos padrões de emissões mais rígidos.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net

Repórteres da matéria original: Ranjeetha Pakiam em Cingapura, rpakiam@bloomberg.net;David Stringer em Melbourne, dstringer3@bloomberg.net