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Ricos da Ásia superam tabu e investem em serviços funerários

David Ramli e Ishika Mookerjee

12/03/2020 16h41

(Bloomberg) -- Quando Ang Ziqian tinha 7 anos, seu professor pediu aos alunos que descrevesse o trabalho dos pais. Os filhos de enfermeiras, advogados e policiais foram aplaudidos, mas a resposta de Ang foi recebida com um silêncio vergonhoso. Essa era a sina de diretores de funerais.

"No recreio do dia seguinte, uma garota veio até mim e disse: 'Quero ser sua amiga, mas minha família disse que devemos ficar separados para que você não passe sua má sorte'", disse Ang, agora com 38 anos. "Depois daquilo, eu não tive muitos amigos e os que tinha eram principalmente não chineses."

O negócio da morte e de morrer há muito tempo é tabu em grande parte da Ásia; cemitérios e casas de repouso perto de áreas residenciais são evitados, enquanto os investidores atraem fofocas. Mas um número crescente de famílias e filantropos asiáticos ricos desafia as normas sociais, impulsionando investimentos e campanhas educacionais para melhorar e eliminar o estigma do setor.

Em uma região onde a população fica mais velha e mais rica, é uma aposta potencialmente lucrativa. Até 2030, o Sudeste Asiático terá 163 milhões de famílias de classe média, segundo pesquisa do McKinsey Global Institute. Em 2050, quase 25% das pessoas no sudeste e leste da Ásia terá 65 anos ou mais.

Voar para casa

Em Cingapura, a Toa Payoh Industrial Park fica ao lado da movimentada Central Expressway do país. Suas calçadas trincadas e garagens com terraços abrigam principalmente empresas de mecânica e oficinas de pintura. Mas em uma avenida há uma fila de oficinas que atendem aos mortos; os carros funerários estão cheios de flores enquanto os caixões estão prontos para a jornada final.

É aqui que o prestador de serviços funerários de quarta geração, Ang, comanda um de seus negócios, a Flying Home Pte.

Os cingapurianos tradicionalmente realizavam de tudo, de casamentos a funerais, ao ar livre. À medida que as unidades familiares encolheram e se tornaram mais ricas, há demanda por uma abordagem mais personalizada. Ang disse que o grupo mais amplo, Ang Chin Moh Funeral Directors, cresceu em média 5% ao ano.

--Com a colaboração de Joyce Koh.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net

Repórteres da matéria original: David Ramli em Pequim, dramli1@bloomberg.net;Ishika Mookerjee Singapore, imookerjee@bloomberg.net