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Lições de 2008 deixaram mercados europeus mais protegidos

William Shaw e Jan-Patrick Barnert

30/03/2020 13h11

(Bloomberg) -- A turbulência nos mercados europeus no último mês levou operadores a lembrarem da crise de 2008-2009, quando o mundo financeiro parecia à beira do colapso. A boa notícia desta vez é que os governos têm usado as lições aprendidas com a última crise.

Do pacote de resgate de US$ 2 trilhões dos Estados Unidos à enorme compra de títulos pelo Banco Central Europeu, as autoridades agiram rapidamente para amortecer o impacto do surto de coronavírus. Certamente, as respostas variaram de país para país, membros da União Europeia têm esbarrado em obstáculos para fechar um acordo sobre os detalhes e ideias mais ambiciosas, como compartilhar o ônus da dívida, parecem descartadas por enquanto. Mas, no geral, investidores gostaram do que viram.

"Uma lição importante da crise de 2008 foi que bancos centrais deveriam agir rapidamente e de forma ousada", disse Jordan Rochester, estrategista de câmbio na Nomura International, em Londres. "Eles fizeram as duas coisas nesta crise."

Para colocar a resposta em perspectiva, em 2008 vários meses se passaram entre a ação do Federal Reserve e o lançamento de um programa de resgate de ativos de risco. E, na subsequente crise da dívida da zona do euro, investidores criticaram os governos por repetidamente adiar decisões em questões como o resgate da Grécia.

Obviamente, a grande crise ocorrida há mais de uma década foi um evento financeiro enraizado no mercado imobiliário que teve consequências econômicas; tanto a causa quanto o efeito poderiam ser abordados pela regulamentação e pela política fiscal e monetária. Desta vez, todo o estímulo do mundo não ajudará se a catástrofe de saúde pública subjacente não for controlada. De fato, as bolsas terminaram a semana em baixa na sexta-feira, interrompendo três dias de ganhos, diante do aumento dos casos nos EUA e em outros países.

Renda variável

A queda acumulada de cerca de 40% dos mercados de ações parece bastante semelhante aos choques anteriores; a velocidade da queda é a principal diferença. A boa notícia é que a grande fuga do risco também gerou uma resposta mais rápida dos bancos centrais e, mais importante, dos governos, o que poderia evitar um mercado baixista estrutural, de acordo com o Goldman Sachs. Na Alemanha, por exemplo, na segunda-feira o governo anunciou um plano de estímulo de 750 bilhões de euros (US$ 824 bilhões) em um momento em que o índice Dax acumula queda de 38% em relação ao pico no mês anterior.

"As políticas foram rápidas no ajuste desta vez, e vemos isso como um grande fator positivo que deve evitar que isso se torne sistêmico", escreveram analistas do banco de investimentos em relatório.

©2020 Bloomberg L.P.