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Rastrear detritos plásticos pode ajudar a limpar oceanos

Leslie Kaufman e Eric Roston

24/04/2020 14h25

(Bloomberg) -- Em sua existência, o lixo plástico sempre conseguiu encontrar o caminho para o oceano, mas nunca como aconteceu há alguns anos na ilha grega de Lesbos. Nessa ilha, um grupo de pessoas recolheu uma pequena quantidade de garrafas plásticas, sacolas e redes de pesca, montou plataformas e deixou que flutuassem (temporariamente) pelo mar.

As plataformas de plástico foram um experimento para saber se seriam captadas por satélites e drones voadores. Os resultados, utilizados em pesquisa publicada pela revista Nature Scientific Reports, mostraram que os satélites podiam captar as aglomerações de plástico se movimentando no mar. Usando inteligência artificial, os pesquisadores também conseguiram discernir o lixo de materiais naturais como algas, madeira e até espuma do mar.

Detectar os chamados "macroplásticos" (pedaços, sacolas e garrafas maiores que 5 milímetros) antes de se degradarem em partículas menores já foi tentado anteriormente. Até recentemente, no entanto, os satélites não conseguiam produzir imagens com detalhes suficientes e com frequência suficiente para identificar e rastrear com precisão detritos plásticos. Estimativas publicadas anteriormente mostram que cerca de 12,7 milhões de toneladas são despejadas no oceano a cada ano.

Coordenado por Lauren Biermann, do Laboratório Marítimo de Plymouth, no Reino Unido, o estudo usou imagens dos satélites Sentinel-2 da Agência Espacial Europeia, que captam imagens de alta resolução de grande parte do mundo a cada cinco dias. Os pesquisadores desenvolveram um método para identificar assinaturas ópticas de comprimentos de onda da luz - visíveis e infravermelhos - de materiais comumente encontrados em fragmentos de detritos. Eles usaram essas informações para treinar um algoritmo de aprendizado de máquina, capaz de distinguir detritos naturais do plástico em cerca de 86% das vezes em testes. Os dados foram validados contra as imagens tiradas anteriormente de plásticos flutuando ao redor de Lesbos.

Lauren considera o trabalho um passo para reunir pesquisadores de plásticos marinhos e especialistas em sensores de satélite. A abordagem pode ser usada, diz, com qualquer plataforma de sensoriamento remoto que opere quase da mesma maneira que o Sentinel-2, incluindo drones e outros satélites de alta resolução.

"Embora isso não resolva o problema de poluição dos plásticos marinhos", explica, as visões em larga escala adotadas por satélites e drones oferecem maneiras aprimoradas de "observar e rastrear plásticos flutuantes, e esperamos que nosso trabalho acabe apoiando operações de limpeza ativa".

©2020 Bloomberg L.P.