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Vírus e política aumentam desconto do Brasil para emergentes

Vinícius Andrade

19/05/2020 18h25

(Bloomberg) -- As ações brasileiras nunca estiveram tão descontadas em relação aos seus pares emergentes como agora.

A diferença entre o preço da cota do iShares MSCI Emerging Markets (EEM), com US$ 19,7 bilhões, e do iShares MSCI Brazil (EWZ), maior fundo de índice dedicado a ações brasileiras, com US$ 4 bilhões, atingiu um nível recorde, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Embora parte do descolamento esteja associada à apreciação do dólar frente ao real, a moeda com pior desempenho global neste ano, a turbulência política e o salto de novos casos de coronavírus também contribuíram para o movimento.

O Brasil ultrapassou o Reino Unido e se tornou o terceiro país com mais casos confirmados de Covid-19 no mundo. Investidores ainda aguardam a nomeação do novo ministro da Saúde, após a saída de Nelson Teich, que permaneceu no cargo por apenas 29 dias.

"A percepção dos investidores sobre os riscos específicos do Brasil aumentou", disse Morgan Harting, que administra cerca de US$ 2,6 bilhões na AllianceBernstein, em Nova York.

Outro ponto de preocupação é a deterioração do cenário fiscal. A Legacy Capital espera que a dívida bruta chegue a 92% do PIB no fim do ano, de acordo com sua carta mensal mais recente. Para a gestora, as pressões para mais gastos públicos devem aumentar à medida que a recessão se aprofunde.

Os recibos de ações do Bradesco, negociados em Nova York, atingiram recentemente o menor nível desde 2016, quando o país enfrentava a pior recessão de sua história. Já o ADR da Ambev é negociado perto da mínima em 11 anos.

Uma melhora do ambiente externo pode trazer uma surpresa positiva para os ativos brasileiros, de acordo com Greg Lesko, gestor de recursos da Deltec Asset Management. Nesse meio tempo, o número crescente de casos de coronavírus pode justificar uma visão mais cautelosa, disse.

©2020 Bloomberg L.P.