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OCDE vê crise ainda pior na América Latina em caso de segunda onda de coronavírus

12.mai.2020 - De máscara, feirante organiza sua barraca em Buenos Aires; Argentina seria um dos países mais afetados da América Latina por crise em caso de 2ª onda da covid-19 - Marcelo Endelli/Getty Images
12.mai.2020 - De máscara, feirante organiza sua barraca em Buenos Aires; Argentina seria um dos países mais afetados da América Latina por crise em caso de 2ª onda da covid-19 Imagem: Marcelo Endelli/Getty Images

Samy Adghirni

10/06/2020 05h00

Uma segunda onda da covid-19 aumentaria em mais de um ponto percentual a queda do PIB que já aflige as três maiores economias da América Latina, segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico).

Argentina e Brasil seriam os países mais afetados e veriam seus PIBs despencarem 10% e 9,1% respectivamente, enquanto o do México cairia 8,6%, segundo relatório bianual publicado hoje pela organização que reúne as 37 democracias mais prósperas do mundo.

No documento, a organização com sede em Paris elogia medidas tomadas pelos três grandes países latino-americanos para apoiar populações mais vulneráveis e empresas afetadas pela pandemia.

A Argentina merece menção especial pela bem-sucedida política sanitária que conseguiu conter a propagação do coronavírus. Mas problemas estruturais no país e sua difícil tentativa de reestruturar US$ 65 bilhões em dívida externa tornam o vizinho do Brasil mais vulnerável a uma recessão mais severa, segundo a OCDE. Sem uma segunda onda, a organização prevê retração do PIB argentino em 8,25%.

No caso do Brasil, a OCDE diz que a resposta econômica do governo foi "oportuna e precisa", mas ressalta que o vírus segue se propagando rapidamente pelo país. O relatório cobra que o Brasil retome rapidamente o caminho das reformas após a pandemia.

"O Brasil tem tudo o que precisa para crescer de maneira muito mais forte e melhor, e algumas poucas reformas cruciais poderiam fazer enorme diferença", disse Jens Arnold, economista sênior da OCDE para assuntos relacionados a Brasil e Argentina, em entrevista. "Essa é a diferença neste momento se comparamos com a Argentina, onde a situação é realmente muito complicada."

O Brasil, que formalizou sua candidatura à OCDE em 2017 para mostrar ao mundo que se tornou uma democracia próspera e transparente, começou a abrir sua economia antes do surto mundial da covid-19. O Brasil se tornou um dos epicentros da doença, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e do Reino Unido em número de mortos pela doença. Sem uma segunda onda, a maior economia da América Latina terá contração de 7,4%, segundo a OCDE.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, busca retomar a agenda de reformas no segundo semestre para impulsionar o crescimento e o investimento privado. Após a aprovação da reforma da Previdência em 2019, o Brasil tem ao menos 10 reformas no Congresso para ajustar as contas públicas e estimular o crescimento. As medidas incluem projetos para reduzir o gasto público e simplificar o sistema tributário, entre outras.

O México terá uma queda de PIB de 7,5% se não houver uma segunda onda de coronavírus. A segunda maior economia da América Latina poderia se beneficiar de políticas de apoio aos trabalhadores formais e informais e de incentivo ao investimento privado, segundo a OCDE.