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Madoff volta à prisão e se diz "profundamente envergonhado" por fraude

12/03/2009 15h52

O investidor americano Bernard Madoff foi enviado hoje à prisão, três meses depois de seus filhos o denunciarem por manter durante quase 20 anos uma gigantesca estrutura financeira que poderia se transformar em uma das maiores fraudes da história.

"Não sou capaz de expressar o quanto lamento por meus crimes, pelos quais estou profundamente envergonhado", assegurou hoje Madoff ao juiz, em sua primeira declaração pública sobre a fraude que ele mesmo cifrou em US$ 50 bilhões e pela qual pode ser condenado a até 150 anos de prisão.

Aos 70 anos e com cerca de três milhões de vítimas por todo o mundo, a possibilidade de passar o resto de sua vida na prisão é muito alta, e por isso o juiz Denny Chin temia que ele tentasse fugir se ficasse em liberdade até ser condenado.

Por esse motivo, o juiz do Tribunal Federal de Manhattan revogou a liberdade condicional da qual gozava há três meses, embora estivesse confinado em seu apartamento de Nova York.

Madoff terá de ficar na prisão até o dia 16 de junho, quando está prevista a emissão da sentença.

Algemado, este judeu nova-iorquino que foi capaz de construir do nada uma impressionante reputação no mundo financeiro, foi conduzido hoje à prisão, onde pode passar o resto de sua vida.

"Quando colocaram as algemas nele foi emocionante. Não sou uma pessoa vingativa, mas quando algo assim acontece você quer ver justiça", explicou à Agência Efe visivelmente emocionado Burt Ross, ex-prefeito de Fort Lee (Nova Jersey) e promotor imobiliário, que disse ter perdido US$ 5 milhões nas mãos do investidor.

A audiência foi assistida por aproximadamente 100 pessoas que se consideram vítimas de Madoff e que, no momento em que foi algemado, começaram a aplaudir a ida do investidor à prisão.

"Esse é o momento em que apreciamos o sistema judicial que temos, que em três meses colocou este homem atrás das grades, para que passe o resto de sua vida preso, porque isto é o que ele merece. Posso dizer que me sinto aliviado", acrescentou Ross.

Segundo especialistas, se for condenado a mais de 25 anos, Madoff deve ser levado a uma prisão de máxima segurança. No entanto, ele foi enviado ao Centro Correcional Metropolitano de Nova York, também em Manhattan e muito próximo à corte, segundo a emissora de TV "CNBC".

O investidor confessou hoje, com a calma que demonstrou em quase todos os momentos nos quais foi vistos em público desde sua detenção, que montou seu esquema no início dos anos 90, em resposta a um momento de recessão em que muitos investidores lhe pediram assessoria.

Assegurou que sua intenção era manter essa estrutura financeira por algum tempo e depois desmantelá-la, mas finalmente passou quase 20 anos captando mais e mais fundos para pagar os juros que se comprometia a obter de supostos investimentos nas bolsas de valores.

"Os dias foram passando, e fui me dando conta do risco que corria, e sabia que inevitavelmente este dia chegaria", afirmou.

Durante a audiência, o investidor nova-iorquino insistiu em pedir desculpas a seus filhos, irmão e próximos, e assumiu toda a responsabilidade pela fraude, como fez desde o primeiro momento.

Madoff compareceu à corte quase três horas antes de sua audiência, e mais uma vez chegou ao local escoltado e protegido por um colete à prova de balas, diante do temor de que uma das vítimas pudesse atacá-lo.

Para tramitar o acesso de todos os presentes à audiência, a corte teve de habilitar uma sala suplementar com transmissão por circuito fechado de tudo o que acontecia na principal, embora fosse proibido entrar com qualquer tipo de gravador, reprodutor ou transmissor eletrônico.

Do lado de fora da corte, cerca de 200 câmeras e fotógrafos aguardaram desde o começo da manhã para conseguir imagens de Madoff em seu aparente último dia em liberdade.