Crise no Brasil dificultará crescimento da América Latina em 2016, diz OCDE
Paris, 19 jan (EFE).- O secretário-geral da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), Ángel Gurría, afirmou nesta terça-feira (19) que será "muito difícil" que a economia da América Latina cresça neste ano devido à crise que afeta o Brasil.
Em entrevista à agência de notícias Efe, Gurría ressaltou que o peso específico do Brasil na América Latina deve impedir que o PIB (Produto Interno Bruto) da região saia do vermelho em 2016, sobretudo porque o crescimento dos outros grandes países será pequeno.
As declarações do secretário-geral da OCDE foram dadas depois das novas previsões divulgadas pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), que projeta uma queda de 0,3% da economia da região por causa da recessão brasileira. A instituição calcula que o PIB do país deve sofrer uma retração de 3,5% em 2016.
A OCDE, em uma síntese de vários estudos recentes sobre a América Latina apresentada hoje, que ainda não inclui dados atualizados, estima que a região teria em 2016 uma "expansão modesta" depois de "ligeira contração" do ano passado.
Gurría afirmou que os grandes produtores de petróleo estão sendo muito afetados pelas importantes quedas dos preços do barril no mercado internacional, apesar de ressaltar diferença entre eles.
Em particular, ele citou seu país, o México, que se mostra mais resistente ao problema pelas recentes reformas realizadas.
No caso do Brasil, porém, o secretário-geral da OCDE avaliou que se somaram "problemas de reformas políticas com problemas políticos". "Mas se os ajustes que foram propostos comecem a andar, nunca é um mau momento. E podem ser um sinal sobre os mercados", disse Gurría sobre as tentativas da presidente Dilma Rousseff de corrigir os rumos da economia do país.
Perguntado sobre as dificuldades para realizar reformas estruturais em uma fase ruim na América Latina, o secretário-geral da OCDE disse que os melhores momentos "nunca ocorrem". E que a experiência mostra que "o pior é que te forcem a adotar reformas".
"Minha receita é que é preciso fazer as reformas quando elas forem necessárias. E é melhor tentá-las no início dos mandatos, quando os governos têm as maiorias", indicou Gurría.
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