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OCDE alerta sobre fraco crescimento mundial e pede medidas urgentes

18/02/2016 10h39

Paris, 18 fev (EFE).- O crescimento econômico global em 2016 vai se estagnar em torno de 3%, com fraco crescimento em muitos países emergentes e uma modesta recuperação nos avançados, enquanto caem os preços das matérias-primas, do comércio, dos salários e dos preços, em uma conjuntura de instabilidade financeira.

Essa é a principal conclusão da revisão intermediária do relatório semestral de Perspectivas da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), e que leva o órgão a pedir uma resposta coletiva para "fortalecer a demanda" porque "as políticas monetárias sozinhas não funcionarão".

A OCDE também recomenda revitalizar as reformas estruturais, que aos olhos da organização passam por um momento de relaxamento, e para se afastar das políticas fiscais de contração presentes na maioria das economias avançadas, com reduções do gasto público e/ou aumento da pressão fiscal.

"As receitas variam segundo o país, especialmente quando se referem às políticas estruturais", disse a OCDE, que estima que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global em 2016 vai ser de 3%, ou seja, o mesmo número de 2015 e três décimos menos que em sua estimativa de novembro do ano passado.

Para 2017, a organização volta a baixar em três décimos a expansão econômica de todo o planeta e indica alta esperada de 3,3% do PIB.

"O rebaixamento nas previsões é generalizada e reflete um amplo leque de dados decepcionantes do quarto trimestre de 2015 e a recente fraqueza e volatilidade dos mercados financeiros globais", informou a OCDE.

Essa organização não desfaz o conjunto de perspectivas para seus 34 Estados-Membros, mas se limita a esboçar as tendências em suas maiores economias.

Assim, os Estados Unidos crescerá em 2016 2% (0,5 ponto menos em relação às perspectivas anteriores) enquanto terá 2,2% de aumento em 2017 (-0,2), enquanto o Japão crescerá 0,8% em 2016 (-0,2) e 0,6% em 2017 (-0,1).

O Produto Interno Bruto do conjunto da União Europeia (UE) subirá em 2016 1,4%, ou seja, abaixo de 1,5% registrado no fechamento de 2015 e 0,4 ponto menos que na estimativa prévia da OCDE. Em 2017, a zona do euro verá seu PIB crescer 1,7%, três décimos menos do que foi projetado anteriormente.

"A lenta recuperação na zona do euro é um fator importante que arrasta a economia global e torna a Europa vulnerável diante dos abalos globais", disse a OCDE.

Ao mesmo tempo, o organismo aplaudiu as medidas não convencionais de compra de dívida do Banco Central Europeu (BCE) e critica - sem nomeá-los - que alguns países estejam sendo lentos demais ao aplicar reformas estruturais.

A OCDE forneceu dados de três de suas principais economias que compartilham a moeda europeia comum e baixou as expectativas de crescimento de todas elas.

Após crescer 1,4% em 2015, a Alemanha limitará sua expansão a 1,3% em 2016 e a 1,7% em 2017 (baixa de 0,5 e de 0,3 ponto percentual, respectivamente).

A França, com crescimento do PIB de 1,1% em 2015, vai ter 1,2% em 2016 e 1,5% em 2017, um décimo menos em cada um dos exercícios frente à estimativa anterior.

A Itália, cuja economia cresceu 0,6% no exercício passado, terá alta de 1% em seu PIB em 2015 e 1,4% em 2017 (queda de 0,4 ponto percentual no primeiro caso, mas inalterado no segundo ano).

A OCDE também citou o Reino Unido, membro da UE que não participa da zona do euro e cujas previsões foram baixadas em três décimos tanto em 2016 (para 2,1%) como em 2017 (2%).

As grandes economias emergentes também vão perder fôlego, especialmente o Brasil, cujo PIB já caiu em 2015 3,8%.

Neste ano, a queda do PIB brasileiro será de 4% segundo a OCDE, uma diferença de 2,8 pontos percentuais de crescimento estimado. Em 2017 Brasil registrará crescimento zero, depois de uma previsão de alta de 1,8 ponto prevista nas estimativas anteriores da OCDE.

China e Índia se comportarão melhor, acredita a organização, que não mudou as projeções para o primeiro (6,5% em 2016 e 6,2% em 2017) e que acredita que Nova Délhi conseguirá em 2016 melhores dados que o esperado (7,4%, um décimo mais) e quase idênticos em 2017 (7,3%, um décimo menos).