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Banco Mundial alerta que crescimento cairá se mulheres forem excluídas

Cristiano Borges/UOL
Imagem: Cristiano Borges/UOL

Jèssica Martorell

18/05/2016 19h00

Copenhague, 18 mai (EFE).- O presidente do Banco Mundial (BM), Jim Yong Kim, alertou nesta quarta-feira (19) que o crescimento econômico cairá se as mulheres forem excluídas do mercado de trabalho e salientou que a igualdade de gênero não é só uma questão de direitos.

"Repetiremos várias vezes que, se os países excluírem as mulheres, seu crescimento econômico vai ser menor", afirmou Kim durante a conferência internacional Women Deliver realizada em Copenhague, onde ressaltou os benefícios econômicos que podem conseguir os países que investem em meninas e mulheres.

Muitas vezes, lamentou o presidente do BM, os governos preferem investir em infraestruturas ao invés de em igualdade, saúde e educação, porque "a ideia de dar dinheiro às mulheres pobres é motivo de controvérsia".

"Mas às mulheres e meninas pobres é preciso dar educação, comida e, sobretudo, dinheiro", destacou, reconhecendo que o grande desafio é que os países consigam entender que a igualdade de gênero é uma estratégia econômica.

Nas palavras de Kim, "o sexismo, a discriminação por idade e o racismo são estratégias econômicas ruins".

"Eu peço aos países que olhem para o futuro. Precisamos de mentes. E a melhor infraestrutura de futuro é uma menina saudável", disse Kim, antes de ser ovacionado por centenas de pessoas.

No entanto, "isto não é algo que vá acontecer de forma natural", segundo Kim, razão pela qual pediu a todos os governos que invistam em igualdade e a mantenham como uma prioridade em suas políticas.

O primeiro passo, disse, é garantir que todas as meninas e mulheres, sem importar o país onde vivam, tenham acesso à saúde, uma tarefa na qual o Banco Mundial conseguiu progressos, mas ainda tem muito o que fazer.

Mortalidade materna

Um dos desafios é reduzir a mortalidade materna porque, segundo dados do organismo, uma de cada 26 mulheres morre ao dar à luz na África, enquanto na Europa o número se situa em uma em cada 9.400.

"Temos que garantir que todas as mulheres tenham acesso à saúde. Fizemos progressos para reduzir a mortalidade infantil, mas não é suficiente. Nenhuma mulher deve morrer dando à luz", comentou.

Durante a conferência, outros especialistas também alçaram a voz para insistir que o investimento em meninas não é uma questão de altruísmo, mas a chave para acabar com a pobreza em nível mundial, algo que permitiria fortalecer as economias de todos os países.

"Nossos projetos têm um impacto direto sobre cinco milhões de meninas, mas, indiretamente, chegam a 43 milhões de pessoas", explicou a diretora-executiva da ONG Plan International, Anne-Birgitte Albrectsen.

Acesso à educação

Quando as meninas têm a oportunidade de ir à escola, têm acesso a atendimento médico e atrasam a idade de casar e serem mães, não somente representa um benefício direto sobre elas, mas também para suas famílias, sua comunidade e seu país, destacaram.

De acordo com números do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), um ano extra de educação se traduz em um aumento de 10% na renda dessa pessoa, já que uma maior formação está ligada a um melhor trabalho e, portanto, a um melhor salário.

Outro exemplo: se o nível de emprego das mulheres jovens nigerianas fosse igual ao dos homens jovens do país, o Produto Interno Bruto (PIB) poderia incrementar-se em US$ 13,9 bilhões, segundo dados da ONG Girl Effect.

Por sua parte, o vencedor do prêmio Nobel da Paz em 2006, Muhammad Yunus, destacou que todas as mulheres "são empreendedoras" e é preciso apostar nelas para mudar o mundo.

Nesse sentido, Yunus lançou uma emotiva mensagem às meninas de todo o planeta: "Há um poder ilimitado dentro de vocês. Usem-no. Vocês têm o poder para mudar o mundo dentro de vocês. Seja empreendedora e ensine o mesmo a seus filhos. Eles também poderão mudar o mundo".