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Com presença policial, lojas reabrem no Grande Bazar de Teerã após protestos

27/06/2018 13h47

Teerã, 27 jun (EFE).- A maioria das lojas que ficam no Grande Bazar de Teerã e de outras duas áreas comerciais da capital do Irã, em greve nos últimos dois dias, reabriu as portas nesta quarta-feira em um ambiente de pessimismo marcado por grande presença da polícia.

Apesar da reabertura, poucos clientes foram ao principal centro comercial do país, como pode constatar a Agência Efe no local. Todos os vendedores consultados confirmaram que participaram dos protestos nos últimos dois dias, mas decidiram voltar a abrir as lojas hoje porque não acreditam que a mobilização terá resultado.

O ambiente era de preocupação, descontentamento e falta de esperança de que o cenário melhore no futuro próximo, especialmente devido à forte desvalorização da moeda nacional, o rial.

No Grande Bazar, Ali, comerciante de roupas, explicou à Efe que nunca viu a região tão vazia.

"Agora, os problemas econômicos das pessoas se somaram ao medo dos agentes de segurança. Os clientes não vêm. Os policiais têm trabalhado para que não façamos protestos", lamentou.

Apesar da pressão das autoridades pela reabertura, todas as lojas de venda de ouro estavam fechadas. Os comerciantes temiam sofrer ataques e roubos em meio a instabilidade que reina na região.

A desolação também domina a área especializada na venda de telefones celulares. Um dos vendedores disse à Efe que, antes da queda do rial, ele chegava a faturar o equivalente de 1,2 mil euros por dia. Hoje, a receita não chega a 50 euros.

"Os importadores são uma máfia e modificam os preços segundo o câmbio. Nos vemos obrigados a subir os preços e as pessoas não compram", criticou o vendedor.

No ano passado, um dólar equivalia a 40 mil riales, hoje, no câmbio paralelo, vale 90 mil riales. Para a taxa oficial do governo, porém, o valor de de 42 mil riales.

O governo está sob grande pressão. Dois terços dos deputados iranianos pediram hoje ao presidente do país, Hassan Rohani, que mude a política econômica antes de o parlamento tomar medidas.

Alguns protestos ao longo da semana terminaram em confronto com a polícia. Vários manifestantes foram presos, mas não há um número oficial de quantas pessoas acabaram detidas.

O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, pediu que a Justiça "puna aqueles que prejudicarem a segurança econômica do país".