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Ransomware torna-se principal "ciberpesadelo" na América Latina

30/06/2018 10h48

Alejandro Rincón Moreno.

Bogotá, 30 jun (EFE).- O vírus WannaCry conseguiu o que queria: o ransomware, como é conhecido o sequestro de dados, já é a principal causa de "ciberterror" entre as empresas latino-americanas, que dizem temer cada vez menos os vírus informáticos tradicionais.

Um relatório da empresa eslovaca de cibersegurança ESET revelado nesta semana apresenta as principais preocupações de 2018 na região, sendo a maior delas a "ciberchantagem", uma ameaça que consegue superar historicamente os códigos maliciosos comuns, ou "malware", após duas décadas aterrorizando os departamentos de informática das empresas locais.

No documento, a ESET solicitou dados de mais de 4.500 executivos, técnicos e gerentes de 2.500 empresas pequenas, médias, grandes e empreendimentos em 15 países latino-americanos sobre seus principais medos em termos de cibersegurança e proteção.

Em uma pesquisa sobre os "ciberpesadelos" das empresas, o "ransomware" obteve 57% dos votos, seguido pelas vulnerabilidades (55%) e pelo malware (53%), pela primeira vez em um terceiro lugar.

Este fato demonstrou como 2017 foi intenso, pois, segundo a ESET, "o surto do WannaCryptor" conseguiu algo histórico: "que todo o mundo começasse a falar de segurança informática".

O vírus WannaCry bloqueou em maio do ano passado mais de 200 mil computadores de empresas e instituições em 150 países, cifrava as informações diretamente e mostrava uma mensagem pedindo um resgate.

Mas o ransomware não parou por aí, já que apenas dois meses depois apareceu o surto conhecido como Diskcoder e atualmente cibercriminosos continuam aproveitando a EternalBlue, uma vulnerabilidade no sistema operacional Windows, para praticar a "ciberchantagem".

"O ransomware veio evoluindo graças à rentabilidade que oferece aos atacantes", ressalta a ESET.

Em exemplos concretos, o relatório indica que apenas em 2017 foram identificadas 1.190 variantes de famílias de FileCoder (a detecção para o ransomware), que, comparadas com as 744 de 2016, mostram um aumento de 60% em um ano.

Além disso, o roubo de informação (51%) não chegou a entrar no "top 3", mas, ainda assim, os números mostram que mais da metade das empresas indagadas se preocupam por causa deste tipo de incidente.

Após revisar as informações coletadas, os analistas evidenciaram que três em cada cinco empresas na região sofreram pelo menos um incidente de segurança.

Metade deles tem relação com o ransomware, ou seja, pelo menos uma em cada cinco das empresas indagadas na América Latina foi vítima do sequestro de informações.

O relatório alerta que apenas 58% das companhias menores conta com uma política de segurança, ao contrário da quase totalidade de empresas grandes (78%) e empreendimentos (84%) que contam com este tipo de controle.

A ESET apontou Equador e Venezuela (com 22%) como os países que têm um maior índice de infecções de "malware", enquanto El Salvador (13%) se destacou como o que tem o menor.

No meio ficaram países como Chile, Panamá e Costa Rica (21%), México (20%), Colômbia (19%), Argentina e Peru (18%), Guatemala (15%) e Paraguai (13%).

Além disso, uma análise interessante dos dados compilados evidencia as pequenas diferenças quanto à incidência de infecções com códigos maliciosos nas empresas de acordo com o seu tamanho.

Este tipo de ameaça afeta as empresas de maneira muito similar, e surpreende porque nas de maior tamanho a porcentagem aumenta (55%), segundo o relatório.

O ESET Security Report 2018 também ressaltou que ao longo de 2018 as ameaças relacionadas com o "criptojacking", o roubo de moedas digitais, estão entre as que vêm ganhando as primeiras posições nas detecções de suas soluções na América Latina.

O aumento na cotação gerou uma espécie de "febre pelas criptomoedas", na qual "a mineração não é feita apenas por pessoas que tentam ganhar dinheiro de maneira legítima", de acordo com o documento.

Esta projeção, que encerra o relatório, questiona se o ransomware será um "poderoso chefão" passageiro da cibercriminalidade ou se, apesar da sua façanha histórica, não superará em tempo de reinado os vírus tradicionais, que definitivamente perderam a ciberbatalha.