Fazenda em MG alia tradição, inovação e liderança feminina em cafés especiais
Isadora Camargo.
Machado (Brasil), 27 jul (EFE).- Aroma de azeitona, um toque doce de caramelo e um leve gosto de chocolate são alguns dos selos que distinguem o café produzido pela Fazenda Recanto, em Minas Gerais, que se transformou em uma referência neste tipo de produção e também em um exemplo do aumento da presença feminina no campo.
Situada na estrada que liga a cidade de Machado a Poços de Caldas, no sul do estado, o maior produtor de café do país, a Recanto é uma das maiores fazendas de café especial no Brasil e passam por suas terras uma história de cinco gerações.
Comandada por Maria Selma Magalhães Paiva e seu marido, Afrânio Magalhães, desde 1985. Unindo tradição e inovação tecnológica, hoje a Recanto produz 6 mil sacas ao ano, a maior parte delas de café especial, a um preço de R$ 520. Mas tudo começou há 122 anos, em 1896, quando os primeiros pés foram plantados na fazenda.
Tudo por lá respira história. Entre os retratos de seus antepassados, Maria Selma, de 55 anos, conta com orgulho sua trajetória e o desafio de ser líder no campo em Minas Gerais, estado responsável por 50% da produção de café no Brasil.
"A realização é muito grande, mas há muita responsabilidade e muito cuidado (em lidar com a plantação). É difícil para as mulheres no mundo agro, onde 90% são homens, a maioria machista", afirmou a produtora, uma voz ativa na luta pela presença da mulher no campo.
As mulheres comandam 18,6% dos estabelecimentos agropecuários brasileiros, de acordo com o Censo Agro 2017, publicado na última quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Considerando a codireção, a proporção aumenta para 34,8%.
O talento para gerir 400 hectares, 170 deles de área plantada, foi repassado para a filha de Maria Selma, Paula Magalhães Paiva, de 28 anos. A jovem se especializou no setor, aprendeu outros dois idiomas e representa a renovação na tradição familiar.
Apostando nos cafés especiais, a fazenda não tem marca própria, mas grãos da Recanto já são vendidos no Japão, nos Estados Unidos e em Mianmar. O que chama a atenção do público estrangeiro são a consistência e o padrão de qualidade, características valorizadas também pelos clientes brasileiros.
A Recanto produz principalmente café tipo arábica, o de maior qualidade, e especialmente as variedades catuaí amarelo e bourbon. Para cada um deles são realizados testes de degustão em cinco temperaturas, que garantem notas sensoriais diferentes.
Com um tratamento especial antes e depois da colheita, a fazenda conseguiu obter um café totalmente diferenciado, com diversos aromas - azeitona, baunilha, chocolate, laranja e framboesa. O processo garante melhor qualidade e também um maior preço.
"No mercado brasileiro o café de qualidade está crescendo muito, é um processo difícil. Existem cafeterias especializadas no Brasil que trabalham com um nível de café muito alto. Estamos conseguindo colocar o nosso café dentro do mercado brasileiro em uma condição bastante favorável", explicou Afrânio Paiva.
Paiva foi responsável por garantir a certificação do café e quer aproveitar a safra recorde prevista pelo governo para este ano para ampliar a exportação de grãos especiais em 10%.
Nesse sentido, a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) renovaram nesta semana um acordo para promover comercialmente os cafés especiais do país no mercado externo.
A produção desse tipo de grão cresceu nos últimos anos, segundo a BSCA, passando de 5,2 milhões de sacas de 60 quilos em 2015 para 8,5 milhões em 2017.
Sem medo de inovar, a Recanto quer continuar investindo em novas experiências, que vão desde o grão orgânico até à importação de mudas de café de outros países, como Mianmar.
Segundo dados da Organização Internacional de Café, o consumo mundial desta bebida ultrapassa os 150 milhões de sacas de 60 quilos por ano e vem registrando um crescimento anual de 2,5%.
Machado (Brasil), 27 jul (EFE).- Aroma de azeitona, um toque doce de caramelo e um leve gosto de chocolate são alguns dos selos que distinguem o café produzido pela Fazenda Recanto, em Minas Gerais, que se transformou em uma referência neste tipo de produção e também em um exemplo do aumento da presença feminina no campo.
Situada na estrada que liga a cidade de Machado a Poços de Caldas, no sul do estado, o maior produtor de café do país, a Recanto é uma das maiores fazendas de café especial no Brasil e passam por suas terras uma história de cinco gerações.
Comandada por Maria Selma Magalhães Paiva e seu marido, Afrânio Magalhães, desde 1985. Unindo tradição e inovação tecnológica, hoje a Recanto produz 6 mil sacas ao ano, a maior parte delas de café especial, a um preço de R$ 520. Mas tudo começou há 122 anos, em 1896, quando os primeiros pés foram plantados na fazenda.
Tudo por lá respira história. Entre os retratos de seus antepassados, Maria Selma, de 55 anos, conta com orgulho sua trajetória e o desafio de ser líder no campo em Minas Gerais, estado responsável por 50% da produção de café no Brasil.
"A realização é muito grande, mas há muita responsabilidade e muito cuidado (em lidar com a plantação). É difícil para as mulheres no mundo agro, onde 90% são homens, a maioria machista", afirmou a produtora, uma voz ativa na luta pela presença da mulher no campo.
As mulheres comandam 18,6% dos estabelecimentos agropecuários brasileiros, de acordo com o Censo Agro 2017, publicado na última quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Considerando a codireção, a proporção aumenta para 34,8%.
O talento para gerir 400 hectares, 170 deles de área plantada, foi repassado para a filha de Maria Selma, Paula Magalhães Paiva, de 28 anos. A jovem se especializou no setor, aprendeu outros dois idiomas e representa a renovação na tradição familiar.
Apostando nos cafés especiais, a fazenda não tem marca própria, mas grãos da Recanto já são vendidos no Japão, nos Estados Unidos e em Mianmar. O que chama a atenção do público estrangeiro são a consistência e o padrão de qualidade, características valorizadas também pelos clientes brasileiros.
A Recanto produz principalmente café tipo arábica, o de maior qualidade, e especialmente as variedades catuaí amarelo e bourbon. Para cada um deles são realizados testes de degustão em cinco temperaturas, que garantem notas sensoriais diferentes.
Com um tratamento especial antes e depois da colheita, a fazenda conseguiu obter um café totalmente diferenciado, com diversos aromas - azeitona, baunilha, chocolate, laranja e framboesa. O processo garante melhor qualidade e também um maior preço.
"No mercado brasileiro o café de qualidade está crescendo muito, é um processo difícil. Existem cafeterias especializadas no Brasil que trabalham com um nível de café muito alto. Estamos conseguindo colocar o nosso café dentro do mercado brasileiro em uma condição bastante favorável", explicou Afrânio Paiva.
Paiva foi responsável por garantir a certificação do café e quer aproveitar a safra recorde prevista pelo governo para este ano para ampliar a exportação de grãos especiais em 10%.
Nesse sentido, a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) renovaram nesta semana um acordo para promover comercialmente os cafés especiais do país no mercado externo.
A produção desse tipo de grão cresceu nos últimos anos, segundo a BSCA, passando de 5,2 milhões de sacas de 60 quilos em 2015 para 8,5 milhões em 2017.
Sem medo de inovar, a Recanto quer continuar investindo em novas experiências, que vão desde o grão orgânico até à importação de mudas de café de outros países, como Mianmar.
Segundo dados da Organização Internacional de Café, o consumo mundial desta bebida ultrapassa os 150 milhões de sacas de 60 quilos por ano e vem registrando um crescimento anual de 2,5%.
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