Chegada da Amazon divide opiniões em Washington e Nova York
Javier Romualdo e Álvaro Celorio.
Washington/Nova York, 18 nov (EFE).- A decisão da Amazon de construir suas duas novas sedes em Nova York e Washington, os centros econômico e político dos Estados Unidos, dividiu opiniões nas duas cidades, apesar da promessa da criação de 50 mil empregos.
Em Nova York, a gigante do comércio eletrônico mundial se instalará no bairro do Queens, onde provocou críticas generalizadas dos 2,3 milhões de moradores. Por outro lado, em Washington, a sede será construída em uma cidade de 22,5 mil pessoas, equivalente à metade dos funcionários que a empresa contratará na região.
Ambas as metrópoles enfrentam uma transformação na qual milhares de novos moradores com alta qualificação e poder aquisitivo usarão o transporte, consumirão no comércio local e buscarão moradia, principal preocupação dos que já vivem nas regiões escolhidas.
A uma estação de metrô do Pentágono e a 40 minutos da Casa Branca fica o local que receberá a nova sede da Amazon em Washington: Cristal City, cidade que nasceu em 1963 para receber escritórios e casas de alto padrão.
"Me mudei para Crystal City há alguns anos, pagando US$ 500 por um quatro porque minhas condições não permitiam gastar US$ 900 para morar no centro de Washington. Estou certa que não vai faltar trabalho, mas os preços... Muita gente poderosa virá para cá", explicou Katarina, recepcionista do hotel mais próximo à única estação de metrô da cidade.
Por sua vez, outro funcionário do hotel, Gemal, que estava descansando na praça na qual a Amazon construirá seu novo quartel-general, não está preocupado com a possível alta dos preços.
"Essa é uma região de baixa ocupação. Eles não expulsarão ninguém daqui", afirmou.
A chegada da empresa à capital americana foi recebida positivamente porque pode diversificar uma área focada nas atividades governamentais.
Economista da Universidade George Manson, Stephen Fuller argumentou em um relatório que a presença da Amazon em Washington atrairá novas empresas de tecnologia para a cidade, criando uma área similar ao Vale do Silício no leste do país.
A Amazon não demorou e aproveitou os indícios para batizar o complexo de Washington como "National Landing".
O entusiasmo de Crystal City não se reflete em Long Island, onde a população critica a "invasão" de um bairro tradicionalmente operário e industrial que experimentou uma enorme mudança nos últimos dez anos, a partir da crise econômica de 2008.
"É especulação imobiliária", criticou uma mulher que vive há 29 anos no bairro e pediu para ficar no anonimato.
Ela diz para a reportagem que mora em um grande edifício construído há 25 anos, próximo ao ferry que liga o bairro a Manhattan. Na época, explica a mulher, era possível comprar imóveis por US$ 25 mil na região. Era um "incentivo" para que as pessoas se mudassem para lá.
"Agora, comprar uma casa por aqui, custa US$ 800 mil", afirmou.
O representante da Associação de Moradores LIC Coalition, Ernie Brooks, afirmou que a Amazon foi inteligente ao transformar a escolha de onde seria sua nova sede em uma competição, sem dizer os benefícios que a empresa receberia.
A Amazon receberá cerca de US$ 3 bilhões em benefícios fiscais do governo e da cidade de Nova York para se instalar no Queens.
Apesar das críticas, apoiadas por alguns congressistas democratas, como a recém-eleita Alexandria Ocasio-Cortez, há moradores que defendem a chegada da Amazon.
"Eu defendo. Quero que minha comunidade floresça. Meu bairro fica na frente da minha empresa", afirmou Gianna Cerbone, dona de um restaurante italiano no Queens.
Para ela, a chegada da Amazon ajudará o bairro a conseguir mais apoio da cidade para melhorar sua infraestrutura. Ela também aposta que o governo local instale uma nova escola na região.
Sobre os preços dos aluguéis e imóveis na região, ela discorda da opinião de outros moradores. "Isso são tolices", concluiu.
Washington/Nova York, 18 nov (EFE).- A decisão da Amazon de construir suas duas novas sedes em Nova York e Washington, os centros econômico e político dos Estados Unidos, dividiu opiniões nas duas cidades, apesar da promessa da criação de 50 mil empregos.
Em Nova York, a gigante do comércio eletrônico mundial se instalará no bairro do Queens, onde provocou críticas generalizadas dos 2,3 milhões de moradores. Por outro lado, em Washington, a sede será construída em uma cidade de 22,5 mil pessoas, equivalente à metade dos funcionários que a empresa contratará na região.
Ambas as metrópoles enfrentam uma transformação na qual milhares de novos moradores com alta qualificação e poder aquisitivo usarão o transporte, consumirão no comércio local e buscarão moradia, principal preocupação dos que já vivem nas regiões escolhidas.
A uma estação de metrô do Pentágono e a 40 minutos da Casa Branca fica o local que receberá a nova sede da Amazon em Washington: Cristal City, cidade que nasceu em 1963 para receber escritórios e casas de alto padrão.
"Me mudei para Crystal City há alguns anos, pagando US$ 500 por um quatro porque minhas condições não permitiam gastar US$ 900 para morar no centro de Washington. Estou certa que não vai faltar trabalho, mas os preços... Muita gente poderosa virá para cá", explicou Katarina, recepcionista do hotel mais próximo à única estação de metrô da cidade.
Por sua vez, outro funcionário do hotel, Gemal, que estava descansando na praça na qual a Amazon construirá seu novo quartel-general, não está preocupado com a possível alta dos preços.
"Essa é uma região de baixa ocupação. Eles não expulsarão ninguém daqui", afirmou.
A chegada da empresa à capital americana foi recebida positivamente porque pode diversificar uma área focada nas atividades governamentais.
Economista da Universidade George Manson, Stephen Fuller argumentou em um relatório que a presença da Amazon em Washington atrairá novas empresas de tecnologia para a cidade, criando uma área similar ao Vale do Silício no leste do país.
A Amazon não demorou e aproveitou os indícios para batizar o complexo de Washington como "National Landing".
O entusiasmo de Crystal City não se reflete em Long Island, onde a população critica a "invasão" de um bairro tradicionalmente operário e industrial que experimentou uma enorme mudança nos últimos dez anos, a partir da crise econômica de 2008.
"É especulação imobiliária", criticou uma mulher que vive há 29 anos no bairro e pediu para ficar no anonimato.
Ela diz para a reportagem que mora em um grande edifício construído há 25 anos, próximo ao ferry que liga o bairro a Manhattan. Na época, explica a mulher, era possível comprar imóveis por US$ 25 mil na região. Era um "incentivo" para que as pessoas se mudassem para lá.
"Agora, comprar uma casa por aqui, custa US$ 800 mil", afirmou.
O representante da Associação de Moradores LIC Coalition, Ernie Brooks, afirmou que a Amazon foi inteligente ao transformar a escolha de onde seria sua nova sede em uma competição, sem dizer os benefícios que a empresa receberia.
A Amazon receberá cerca de US$ 3 bilhões em benefícios fiscais do governo e da cidade de Nova York para se instalar no Queens.
Apesar das críticas, apoiadas por alguns congressistas democratas, como a recém-eleita Alexandria Ocasio-Cortez, há moradores que defendem a chegada da Amazon.
"Eu defendo. Quero que minha comunidade floresça. Meu bairro fica na frente da minha empresa", afirmou Gianna Cerbone, dona de um restaurante italiano no Queens.
Para ela, a chegada da Amazon ajudará o bairro a conseguir mais apoio da cidade para melhorar sua infraestrutura. Ela também aposta que o governo local instale uma nova escola na região.
Sobre os preços dos aluguéis e imóveis na região, ela discorda da opinião de outros moradores. "Isso são tolices", concluiu.
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