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Japão desmente pacto com França sobre liderança da aliança Nissan-Renault

27/11/2018 04h59

Tóquio, 27 nov (EFE).- O ministro de Economia japonês, Hiroshige Seko, desmentiu nesta terça-feira que o Japão tenha concordado com a França em manter a atual estrutura de poder da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, após a detenção do seu presidente, o franco-brasileiro Carlos Ghosn.

"Não é certo em absoluto que tenhamos feito promessas a outros países sobre a governança (da aliança)", disse o ministro em entrevista coletiva realizada hoje em Tóquio após uma reunião do gabinete de governo japonês.

O ministro de Economia, Comércio e Indústria do Japão se pronunciou assim ao ser perguntado sobre declarações do seu homólogo francês, Bruno Le Maire, que afirmou que tinha pactuado com Seko a manutenção das atuais regras de governança da Renault-Nissan-Mitsubish depois de uma reunião realizada entre ambos em Paris na quarta-feira passada.

Após a reunião da semana passada, Le Maire também se mostrou favorável a nomear outro alto executivo da Renault à frente da aliança após a destituição de Ghosn, algo que, se acontecer, manteria a influência do governo francês - principal acionista da empresa - sobre o grupo tripartite.

A este respeito, o ministro japonês disse que Tóquio "não pode dar instruções sobre gestão de pessoal ou governança" da aliança por não ter nenhuma participação no conglomerado, que ficou acéfalo após a queda do executivo franco-brasileiro, seu principal artífice.

"Só posso dizer que todas as partes implicadas devem discutir e tomar decisões com o consentimento das outras", destacou Seko, que também insistiu que tanto Tóquio como Paris "reconfirmaram seu sólido apoio para manter a relação de cooperação entre Renault e Nissan".

Após a detenção de Ghosn no Japão e a sua destituição como presidente da Nissan por supostas irregularidades fiscais, seu sucessor à frente da empresa, Hiroto Saikawa, deixou clara sua intenção de revisar a estrutura de poder tanto da cúpula diretiva da montadora japonesa como da aliança.

A Renault controla atualmente 43% das ações da Nissan Motor, enquanto a empresa com sede em Yokohama tem apenas 15% da francesa e conta com uma participação na Mitsubishi de 34%.

A Renault tem direitos de voto no Conselho de Administração da Nissan e o poder de escolher o principal responsável da aliança, mas a empresa japonesa não está representada na cúpula diretiva da francesa.

A empresa francesa também conta com o poder de escolher os máximos executivos da montadora japonesa, segundo as regras internas estipuladas por ambos fabricantes em 1999 quando a Renault resgatou a Nissan de uma iminente falência, reveladas pelo jornal financeiro japonês "Nikkei".

A Nissan seria partidária de escolher um novo presidente dentre os atuais membros da sua cúpula diretiva, entre os quais Saikawa seria o favorito, uma decisão que será votada na junta de acionistas da empresa prevista para o próximo dia 17 de dezembro, segundo a imprensa japonesa.