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Incêndios provocam quebra da maior companhia elétrica da Califórnia

29/01/2019 16h18

San Francisco (EUA), 29 jan (EFE).- A Pacific Gas and Electric (PG&E), a maior companhia elétrica da Califórnia, anunciou nesta terça-feira sua entrada em falência após ser alvo de milionárias ações pelos gigantescos e mortíferos incêndios ocorridos nesse estado.

A empresa elétrica e de gás tinha informado em dias anteriores que no final do mês se acolheria ao capítulo 11 da lei de quebras dos Estados Unidos, depois de cumprir o prazo de 15 dias previstos pelas leis californianas.

O presidente da PG&E, Richard C. Kelly, afirmou em meados desse mês que a declaração de quebra era "a única opção viável" da empresa "para fazer frente às responsabilidades" derivadas dos processos multimilionários que enfrentava devido à sua suposta responsabilidade nos incêndios que assolaram a Califórnia.

A companhia, que apresentou sua solicitação de declaração de quebra em um tribunal do Norte da Califórnia, disse que espera poder continuar prestando seus serviços durante este processo.

Apesar de nas últimas horas ter sido especulado um possível plano dos investidores para injetar US$ 4 bilhões adicionais aos cofres da PG&E e evitar assim a quebra, a oferta não se materializou.

A companhia enfrenta pelo menos US$ 7 bilhões em ações e processos devido à sua suposta responsabilidade no incêndio conhecido como "Camp Fire", que em novembro do ano passado causou a morte de 86 pessoas e destruiu cerca de 14.000 casas, assim como mais de 500 lojas, outras 4.300 estruturas e queimou 61.900 hectares.

Apesar de a responsabilidade por esse enorme incêndio - o mais letal da história do estado - ainda não ter sido formalmente determinada, desde o primeiro momento os investigadores assinalaram pelo menos dois incidentes em uma linha de alta tensão de propriedade da PG&E próxima ao local onde começaram as chamas.

Isso levou a multidão de afetados a apresentar processos contra a empresa que, unidas às de vários outros incêndios pelos quais foi responsabilizada, alcançam 750 ações, em nome de cerca de 5.600 pessoas que reivindicam compensações que poderiam chegar no total a US$ 30 bilhões.

Durante os dias seguintes, a cotação em bolsa da companhia elétrica desabou, uma vez que os mercados já previam que uma futura quebra se aproximava no horizonte.

A PG&E assegurou nesta terça-feira que, com a aprovação de declaração de quebra, procura um acordo de financiamento de US$ 5,5 bilhões com seus credores que lhe permitam sobreviver aos processos.

A empresa tinha assegurado anteriormente que só dispõe de US$ 1 bilhão em caixa.

A distribuidora elétrica se mostrou comprometida a utilizar o "processo supervisionado por um tribunal" através da declaração de quebra para resolver de maneira "ordenada, justa e expedita" as ações das quais é alvo pelos incêndios florestais de 2017 e 2018 no norte da Califórnia.

Por sua parte, o governador da Califórnia, o democrata Gavin Newsom, garantiu que seguirá "trabalhando para garantir que os californianos tenham acesso a um serviço seguro, confiável e acessível" e que tanto as vítimas dos incêndios como os funcionários da PG&E "sejam tratados com justiça".

A PG&E proporciona serviço de gás e eletricidade a cerca de 16 milhões de residentes do estado. EFE