Herói do "milagre do Hudson" critica Boeing e órgão regulador por negligência
(corrige no sétimo e no oitavo parágrafos o termo "certificação")
Nova York, 20 mar (EFE).- O herói do chamado "milagre do Hudson", o capitão Chesley "Sully" Sullenberg, criticou nesta terça-feira em um artigo a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA, em inglês) e a Boeing, questionando a falta de recursos destinados a evitar acidentes como os da Indonésia e da Etiópia.
Sully, que em 2009 conseguiu aterrissar um Airbus A320 sobre o rio Hudson em Nova York, afirmou no portal econômico "Marketwatch" que cortes no orçamento da agência federal impediram uma supervisão necessária das aeronaves comerciais, o que se agravou pela pressão que a Boeing sentiu diante dos avanços do seu competidor europeu.
"Há muitos anos, a FAA não recebeu o orçamento suficiente para assegurar uma supervisão adequada da crescente indústria global de aviação", assegurou Sully, vivido no cinema por Tom Hanks em um filme de 2016 dirigido por Clint Eastwood.
O veterano piloto, que durante 30 anos trabalhou para a companhia aérea US Airways, denunciou também a falta de pessoal do órgão supervisor, o que impede uma revisão correta dos modelos, assim como a relação "relaxada demais" entre a indústria e os reguladores.
"Em muitos casos, os funcionários da FAA que, com direito, pediram o cumprimento dos padrões de segurança de maneira mais estrita e a escolha de designs de maneira mais rigorosa foram desautorizados por seus superiores, que frequentemente se encontram sob pressões políticas ou corporativas", destacou o piloto.
"A supervisão tem que significar prestação de contas ou não significa nada", ressaltou Sully no artigo.
A FAA, por sua parte, respondeu através de um porta-voz, afirmando que "os processos de certificação de aeronaves da FAA estão bem estabelecidos e produziram de formas consistentes designs de aviões seguros. O programa de certificação do 737 MAX seguiu os padrões da FAA".
Para Sully, a Boeing não está isenta de críticas, já que a concorrência da Airbus fez com que quisesse lançar seu novo modelo de aeronave ao mercado o mais rápido possível e, quando detectaram erros nos padrões de certificação, se limitaram a criar um software para regulá-lo sem avisar aos pilotos: "Ao diminuir um risco, parece que criaram outro ainda maior", lamentou.
"A Boeing se focou em tentar proteger seu produto e defender sua posição, mas a melhor maneira, de fato a única maneira, de proteger a marca é defender as pessoas que a utilizam. Não devemos esquecer que a base do negócio, o que torna este negócio possível, é a confiança", completou o veterano piloto. EFE
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