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Díaz-Canel diz que EUA fizeram "precárias relações" chegarem ao pior nível

13/04/2019 18h28

Havana, 13 abr (EFE).- O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, acusou neste sábado os Estados Unidos de terem feito as "precárias relações" bilaterais retrocederem "até o pior nível" e questionou o que mais o governo americano pode fazer contra a ilha "depois de 60 anos de perseguição, agressões e ameaças".

O governante, que fez o discurso de encerramento de uma sessão plenária extraordinária da Assembleia Nacional (Parlamento unicameral), criticou o país vizinho, que, segundo ele, "claramente busca apertar o cerco contra a soberania cubana, aumentando o bloqueio e especialmente a perseguição financeira".

A fala de Díaz-Canel é feita a menos de uma semana do discurso que o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, dará em Miami sobre Cuba, Venezuela e Nicarágua e no qual acredita-se que irá reforçar a pressão contra esses países e anunciar novas punições à ilha.

"Não, senhores imperialistas, nós, cubanos, não nos rendemos nem aceitamos leis sobre nossos destinos. Em Cuba mandamos os cubanos (...). Cuba continua a confiar em sua força e sua dignidade e também nas de outras nações soberanas e independentes", declarou o presidente.

Ele classificou os Estados Unidos "um inimigo tenaz e ambicioso espreitando" que "ameaça, outra vez, e se lança com medidas insensatas que aumentam em agressividade e crueldade" e considerou que "estas agressões não podem ser subestimadas".

A gestão de Donald Trump é contrária à aproximação promovida pelo anterior presidente americano, Barack Obama. Nos últimos dois anos, paralisou esse movimento, endureceu o embargo e deixou a embaixada funcionando com o mínimo possível, após misteriosos incidentes de saúde que diplomatas americanos viveram em Havana.

Díaz-Canel fez várias referências ao Título III da Lei Helms-Burton, suspenso desde a sua aprovação em 1996 e que os Estados Unidos ameaçam reativar, o que permitiria que cidadãos americanos, incluindo cubanos naturalizados, reivindiquem em tribunais americanos empresas que se estejam lucrando com bens apreendidos após o triunfo da Revolução de 1959.

"Este ano, eles se esforçaram para nos dar prazos com a possível aplicação do Título III da Lei da Escravidão, como deveria ser chamado, o que eles fizeram com estilo de perdão desde 1996", continuou ele.

Desde a sua criação, o Título III da lei Helms-Burton foi suspenso por todos os governos americanos a cada seis meses, mas o atual Executivo diminuiu esses prazos, e agora está previsto que a medida entre em vigor em 1º de maio se o secretário de Estado, Mike Pompeo, decidir não suspendê-la.

Quando a Helms-Burton foi aprovada há 23 anos, o bloco europeu e outros países com interesses empresariais na ilha se opuseram fortemente, porque temiam que as suas empresas fossem processadas nos Estados Unidos e, por isso, a União Europeia denunciou o governo americano na Organização Mundial do Comércio. O litígio concluiu com o compromisso dos Estados Unidos de manter o Título III suspenso em troca da retirada da queixa.

Díaz-Canel também falou sobre a Venezuela, principal aliado político e econômico da ilha e cujo presidente, Nicolás Maduro, é apoiado por Cuba.

"Contra a Venezuela, eles repetem o roteiro dos primeiros anos contra a Revolução cubana", afirmou o governante, para quem "a novidade" está no uso de "táticas de guerra não convencionais", de notícias falsas até "sabotagem à rede de computadores".

"Eles tentam fazer com que o bravo povo venezuelano, de quem roubam os seus recursos financeiros, se renda pela fome e pelas carências, enquanto afiam os dentes para devorar as riquezas com que a natureza deu em abundância para essa nação-irmã", acrescentou. EFE