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Envolvido em polêmica, sucessor de Ghosn na Nissan anuncia saída da empresa

09/09/2019 12h17

Tóquio, 9 set (EFE).- Hiroto Saikawa, o homem que assumiu o comando da Nissan Motor após a prisão do brasileiro Carlos Ghosn, deixará a empresa dentro de uma semana, também afetado por uma polêmica sobre supostas irregularidades que precipitou sua queda.

A saída de Saikawa, de 65 anos, foi informada nesta segunda-feira, durante entrevista coletiva de membros da administração da Nissan Motor, após a intensificação das versões de demissão, que o próprio executivo tinha negado horas antes.

Embora Hiroto Saikawa já tivesse anunciado sua intenção de deixar a direção da empresa depois que o trauma da prisão e acusação de Ghosn por supostas irregularidades financeiras fosse superado, a decisão acabou sendo antecipada.

"É um pouco cedo, mas o conselho discutiu a questão e decidiu que fosse no dia 16 de setembro", afirmou Saikawa aos jornalistas, logo após quatro conselheiros anunciarem sua saída do grupo automotivo.

A renúncia afetará as funções que Saikawa mantém agora, as de CEO e presidente do grupo, segundo esclareceu o presidente do conselho de administração, Yasushi Kimura, que estava acompanhado de outros três conselheiros.

Saikawa entrou na Nissan Motor em 1977 e passou a ocupar o posto mais importante da empresa depois de Ghosn, que antes de ser preso em Tóquio ocupava a presidência do conselho de administração da companhia japonesa e acumulava quase todo o poder.

O executivo japonês foi responsável por dirigir a empresa durante os conturbados tempos vividos desde novembro do ano passado e propôs uma série de medidas para reformar seus órgãos de administração, diluindo o poder que Ghosn monopolizou.

Porém, nos últimos dias, Saikawa também se colocou no olho do furacão quando soube que havia se beneficiado financeiramente por inflar indevidamente um bônus salarial com ações da empresa manipulando os termos e a data do pagamento.

Embora a Nissan considere que essa ação não é ilegal, e hoje os conselheiros da empresa insistiram, Saikawa concordou em devolver o dinheiro, cerca de 47 milhões de ienes (US$ 439 mil), embora a polêmica já a tenha colocado na corda bamba.

Ao comparecer perante os jornalistas, sozinho, na sede da empresa, na cidade de Yokohama, ao sul de Tóquio, Saikawa começou a se desculpar com acionistas e funcionários por deixar o cargo "no meio do caminho".

O conselho, acrescenta a nota, pediu a Saikawa que deixasse suas funções "na data de 16 de setembro, e ele aceitou". Os fatos foram levados em consideração "dentro e fora da empresa", disse o presidente do conselho de administração ao dar explicações aos jornalistas. EFE