Presidente do Banco Central argentino renuncia antes da troca de governo
Buenos Aires, 4 dez (EFE).- O presidente do Banco Central da Argentina, Guido Sandleris, anunciou nesta quarta-feira sua renúncia ao cargo, a seis dias da posse do peronista Alberto Fernández como novo presidente do país.
"Acredito que a renúncia prepara o caminho para que o presidente eleito (Fernández) conte com a absoluta liberdade para nomear quem achar adequado para implementar seu plano econômico, incluindo sua política monetária e cambial", disse Sandleris em entrevista coletiva.
Sandleris, que dirigia o Banco Central desde setembro de 2018, disse que aplicou uma política monetária "prudente" que permitiu corrigir desequilíbrios fiscais e externos, aumentar as reservas e reduzir os passivos remunerados da entidade e eliminar o excesso de pesos.
"No entanto, isso não significa ignorar o fato de que o contexto atual é complexo e que há grandes desafios pela frente. Estamos em recessão há mais de um ano e meio, a inflação aumentou e a volatilidade financeira foi muito alta", reconheceu.
De acordo com o último relatório de expectativas, divulgado ontem pelo Banco Central, economistas do setor privado estimaram que a atividade econômica vai cair neste ano na Argentina em 2,8% e em 1,7% em 2020. Já as estimativas de inflação são de 54,6% em 2019 e 43% em 2020.
"Estamos atravessando um momento difícil. Temos uma economia que está em recessão. Temos uma inflação muito alta. Houve uma variedade de razões pelas quais a política monetária implementada não foi bem sucedida neste sentido", admitiu.
Sandleris reconheceu que "houve erros" porque as decisões foram tomadas em um contexto de "alta volatilidade", que se acelerou após o revés de Mauricio Macri nas primárias de agosto, no início do processo eleitoral que culminou, no final de outubro, com o triunfo de Alberto Fernández em primeiro turno.
Devido a essas turbulências, particularmente no mercado de câmbio, o Banco Central argentino implementou fortes restrições na compra de dólares.
Sandleris ressaltou que esses controles cambiais foram impostos "para proteger a economia real da volatilidade financeira" e para "salvaguardar" as reservas monetárias a fim de "dar ao próximo governo a maior liberdade possível para a elaboração de sua política monetária".
As reservas monetárias da Argentina até terça-feira eram de US$ 43,747 bilhões, segundo dados da autoridade monetária do país.
O presidente do BCRA disse que o novo governo enfrentará "grandes desafios", como "consolidar o caminho" para o equilíbrio fiscal, diminuir a dívida pública e renegociar o acordo de 2018 com o Fundo Monetário Internacional.
Sandleris contou ainda que teve poucos contatos - não reuniões - com conselheiros de Alberto Fernández e que não se vê em condições de lhes dar conselhos.
"A única coisa que lhes diria é que, com o Fundo Monetário Internacional, é preciso ter sempre um pouco de paciência: tende a ser muito burocrático", disse. EFE
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