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Madri começa a ter problemas para enterrar mortos por Covid-19

A pista de patinação que será usada como necrotério tem 1.800 metros quadrados - EFE
A pista de patinação que será usada como necrotério tem 1.800 metros quadrados Imagem: EFE

Da EFE, em Alida Juliani

24/03/2020 15h16

Com empresas funerárias saturadas, Madri utilizará o Palacio de Hielo, um centro comercial com pista de patinação no gelo, como uma alternativa de necrotério para os corpos de algumas pessoas que morreram devido à Covid-19.

Ontem, a Espanha chegou a 2.182 mortes pela doença transmitida pelo novo coronavírus. Além disso, 33.089 pessoas foram infectadas, segundo dados do Ministério da Saúde, que mostram que o aumento relatado a cada dia está sendo gradualmente atenuado. No entanto, especialistas advertem que ainda não têm certeza de que a pandemia tenha atingido seu auge no país.

Madri é a região da Espanha mais afetada pela Covid-19, com 1.263 mortes, das quais 242 foram registradas entre domingo e segunda-feira, dia em que começou a funcionar um enorme hospital de campanha, cuja capacidade aumentará gradualmente para 5.500 leitos para aliviar a saturação dos demais centros médicos da capital espanhola.

A decisão de abrigar os corpos no Palacio de Hielo foi apoiada pelo prefeito de Madri, José Luis Martínez-Almeida, que havia informado recentemente ao governo nacional que a funerária municipal, que administra 14 cemitérios, não recolherá os corpos dos mortos por Covid-19 devido à falta de equipamentos de proteção individual para seus trabalhadores.

CADÁVERES EM UMA PISTA DE PATINAÇÃO

A pista de patinação que será usada como necrotério tem 1.800 metros quadrados. Os corpos serão colocados em caixões fechados, sobre uma superfície "de material polimérico" para evitar o contato direto com o gelo, segundo um relatório da Secretaria de Saúde de Madri ao qual a Agência Efe teve acesso.

A decisão foi tomada, de acordo com o relatório, "tendo em conta a escassez de recursos para armazenamento de corpos" em uma crise que "envolve um número significativo de mortes por dia, que excede os recursos disponíveis".

REFORÇO HOSPITALAR

Os cerca de 200 primeiros pacientes com Covid-19 começaram hoje a chegar ao hospital de campo construído em apenas 48 horas no centro de eventos na capital espanhola que, em dezembro do ano passado, sediou a Cúpula Mundial do Clima e, recentemente, a Feira Internacional de Turismo (Fitur).

O hospital, construído em parceria entre os governos municipal, regional e nacional, além das Forças Armadas, foi concebido para receber progressivamente um total de 5.500 leitos.

Para a primeira etapa, provavelmente na próxima semana, é esperado que o hospital atenda a 1.300 pessoas, segundo o diretor da unidade temporária, Antonio Zapatero. A meta é receber pacientes com sintomas menos graves de Covid-19.

Ele acrescentou que a previsão é de que a capacidade do hospital aumente em cerca de 200 pacientes por dia, dependendo da logística envolvendo recursos humanos e serviços de enfermagem e farmácia.

GOVERNO NÃO QUER FREAR ECONOMIA

Depois de tomar no sábado passado a decisão de prolongar o estado de alerta por mais 15 dias, o governo espanhol reforçou nesta segunda-feira aos cidadãos o pedido para que cumpram "à risca" todas as restrições já aprovadas para conter a expansão do coronavírus, como as limitações "drásticas" aos deslocamentos populacionais e à atividade econômica.

A vice-presidente de Assuntos Econômicos, Nadia Calviño, disse em entrevista coletiva que é "difícil entender" as alegações de fechamento total da atividade industrial na Espanha quando a economia já está "muito lenta" e focada em serviços essenciais e na luta contra o coronavírus.