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Mourão diz que relação entre Brasil e EUA não se limita a Bolsonaro e Trump

O vice-presidente Hamilton Mourão em coletiva durante a realização da 2ª Reunião do Conselho Nacional da Amazônia Legal - Francisco Stuckert/Fotoarena/Estadão Conteúdo
O vice-presidente Hamilton Mourão em coletiva durante a realização da 2ª Reunião do Conselho Nacional da Amazônia Legal Imagem: Francisco Stuckert/Fotoarena/Estadão Conteúdo

31/07/2020 14h02

O vice-presidente Hamilton Mourão enfatizou que a relação entre Brasil e Estados Unidos está além da afinidade entre os presidentes dos dois países, Jair Bolsonaro e Donald Trump.

Em entrevista à Agência Efe, Mourão também declarou estar aberto a discutir uma agenda mais focada no meio ambiente e nos direitos humanos caso o candidato democrata John Biden vença as eleições presidenciais americanas em novembro próximo. O vice-presidente também afirmou que o governo americano não poderá impedir a participação da empresa chinesa Huawei na implementação da rede 5G no país.

"Como os americanos falam, é 'crystal clear' (claro como o cristal) que o presidente Bolsonaro e o presidente Trump têm uma relação pessoal, e isso não significa que a relação pessoal favoreça a relação entre os Estados, até porque o establishment é muito maior do que a própria figura do presidente", disse.

De acordo com as últimas pesquisas, Biden lidera a corrida presidencial contra Trump, que busca a reeleição, faltando cerca de três meses para o pleito.

"Independente do governo que estiver nos EUA, nós vamos buscar sempre a melhor relação de Estado para Estado, exatamente por ser o Brasil um país da civilização ocidental e ter tido, ao longo de sua história, uma ligação extremamente importante e frutífera com os EUA. É um país que grande parte da população brasileira vê como um ideal de um ponto que nós poderíamos atingir", afirmou.

Segundo o vice-presidente, uma eventual vitória de Biden poderia levar a uma mudança na agenda dos dois países.

"É óbvio que as agendas seriam diferentes. Vejo que uma eleição de um democrata vai dar mais ênfase, talvez, à agenda ambiental e de direitos humanos, e nós não vamos nos furtar jamais de discutirmos e debatermos esse assunto", frisou.

Pressão dos EUA sobre 5G

Mourão falou ainda sobre o papel da Huawei no leilão da rede 5G no Brasil. A empresa chinesa é uma das maiores fornecedoras de infraestrutura para essa tecnologia no mundo, juntamente com a sueca Ericsson e a finlandesa Nokia. O governo dos EUA acusa a companhia de espionar e roubar segredos comerciais em conivência com Pequim.

"A posição do governo brasileiro é de que temos que seguir nossa legislação. A lei das licitações é muito clara. Hoje temos cerca de 35% da estrutura instalada que vai ser utilizada para implementar o 5G já com equipamentos da Huawei. Então, na realidade, não é a Huawei que vai ser contratada, são as nossas operadoras que vão utilizar a tecnologia que a Huawei vai ofertar para elas", alegou.

"O que eu vejo muito claramente é que a empresa chinesa tem que entender o conceito de transparência e, se ela se adaptar exatamente e se colocar dentro do conceito de transparência que caracteriza, vamos dizer, o nosso processo licitatório, ela tem amplas condições de participar, e não podemos impedir isso", acrescentou.

Nesta semana, o embaixador americano no Brasil, Todd Chapman, advertiu o governo brasileiro sobre possíveis "consequências" se a tecnologia da Huawei for autorizada na rede 5G do país, cujo leilão deve acontecer no primeiro semestre de 2021.