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BID Invest prevê efeito econômico devastador na América Latina por pandemia

CEO do BID Invest acredita que efeito econômico que abalou a América Latina nos últimos 12 meses terá efeito devastador - Getty Images
CEO do BID Invest acredita que efeito econômico que abalou a América Latina nos últimos 12 meses terá efeito devastador Imagem: Getty Images

19/03/2021 00h17

O CEO do BID Invest, James Scriven, acredita que o efeito econômico da "tempestade perfeita" que abalou a América Latina nos últimos 12 meses não será percebido por pelo menos um ano, mas os indicadores sugerem que ele será "devastador e desproporcional". Scriven disse à Efe que o BID Invest, braço do setor privado do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), "é parte da solução, que terá que ser verde e inclusiva".

"Temos uma oportunidade muito grande de reequilibrar nossas economias. Qualquer literatura mostra que a inclusão das mulheres tem um impacto exponencial em nossas economias", afirmou Scriven, que está na cidade de Barranquilla, na Colômbia, para participar da assembleia anual do BID.

"Também precisamos fazer um trabalho muito mais inclusivo das minorias que não se beneficiaram no passado. Ceerca de 20% da população latino-americana é de origem africana. Trabalhar junto com essas comunidades e proporcionar mais acesso ao financiamento é parte de nossa iniciativa verde e inclusiva", explicou.

A pandemia, para ele, pode ser encarada como "um furacão que passou pela região e se somou à pior temporada de furacões ocorrida no Caribe e na América Central, bem como à crise migratória em curso. Tem sido uma 'tempestade perfeita', e todo o Grupo BID está absolutamente comprometido em ajudar nossos países".

"Os indicadores apontam para o efeito devastador e desproporcional que a pandemia está tendo em nossa região", acrescentou.

Embora o BID só vá divulgar no sábado seu tradicional relatório macroeconômico, com indicadores detalhados da situação, Scriven disse à Efe que a realidade que a região enfrenta é algo que nunca tinha acontecido antes.

"Não creio ter visto uma crise desta magnitude nos mais de 60 anos do Grupo BID. Não há nenhum exemplo. Crises ocasionais têm acontecido em alguns países, mas nunca nos 26 países que compõem o Grupo BID", declarou.

"118 milhões de mulheres e meninas estão entrando na pobreza como resultado da pandemia. Os indicadores de pobreza são extremamente alarmantes", acrescentou Scriven, além de ressaltar que desde que Mauricio Claver-Carone tomou posse como presidente do Grupo BID, em 1º de outubro de 2020, a organização vem analisando em detalhes o impacto da pandemia.

Scriven também enfatizou que há uma oportunidade subjacente.

"Internamente, usamos muito o conceito de 'reconstruir melhor'", disse.

Em Barranquilla, Claver-Carone está apresentando o plano estratégico do BID, chamado "Visão 2025", que gira em torno do eixo de crescimento sustentável e inclusivo na região e delineia como ela emergirá desta crise e o papel do Grupo BID.

"Nesse contexto, sobre o papel do BID Invest, há várias frases que são usadas no Visão 2025, mas há uma que eu gostaria de destacar: esta será uma recuperação liderada pelo setor privado", afirmou Scriven.

"A situação fiscal e as questões sociais serão a grande prioridade para os países, e por isso alguns países não terão o espaço ou o foco para se concentrarem na recuperação econômica. Muitos dos países, e com razão, estão concentrados em conter o problema de saúde e vacinar as populações. E, como cidadão latino-americano, aplaudo este esforço de todos os governos", acrescentou.

Scriven também destacou que "há investimentos a médio e longo prazo que precisam ser feitos e que vários dos países não terão espaço para fazê-lo. E é por isso que o presidente Claver-Carone pediu ao BID, como grupo, que desempenhasse um papel mais importante".

O CEO do BID Invest comentu que enquanto os países estão começando a virar a página sobre a crise sanitária, com a chegada das vacinas para combater a pandemia, "ainda não vimos o impacto da crise econômica".

"Em minha estimativa, vamos ver um profundo impacto econômico no próximo ano ou em 18 meses", previu.

Historicamente, o BID Invest mobilizava de US$ 2 bilhões a US$ 3 bilhões em empréstimos por ano.

"No ano passado, foram US$ 9 bilhões, e neste ano, planejamos entre US$ 9 bilhões e US$ 10 bilhões", afirmou.

Scriven também contou que o BID Invest continuará a se concentrar em três grandes setores: financeiro, corporativo e de infraestrutura de energia.

Sobre o setor financeiro, ele disse que "ao dar financiamento a vários bancos na região, isso chega às pequenas e médias empresas, que são a espinha dorsal de qualquer economia latino-americana".

"O setor empresarial, que inclui manufatura, agronegócios, turismo e telecomunicações, é um setor criador de empregos, e queremos continuar trabalhando com ele para continuar reativando e gerando novos empregos. E a infraestrutura energética é um setor que requer duas vezes mais investimentos do que agora", explicou.