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Empresas querem uma solução rápida para crise

Fernando Scheller e Mônica Scaramuzzo

São Paulo

19/05/2017 09h16

Em um momento em que as empresas vislumbravam melhores resultados, após a economia dar os sinais de recuperação, a citação do presidente Michel Temer na delação dos donos da JBS pode pôr tudo a perder, na opinião de executivos e empresários ouvidos pela reportagem. Para evitar que uma nova crise econômica se instale no País, eles defendem a apuração das denúncias e a manutenção da agenda de reformas.

O presidente da Suzano, Walter Schalka, que falou à reportagem por telefone, participou esta semana de um evento do Itaú em Nova York, e disse ter notado a rápida virada do humor do investidor internacional sobre o Brasil. "Ontem (quarta-feira, 17), a visão sobre o País era muito positiva. Hoje (quinta, 18), todo mundo passou a vender o Brasil", disse o executivo, referindo-se ao impacto da delação da JBS.

Schalka afirmou que a melhor solução para o País é a renúncia imediata do presidente. "Acho que a melhor alternativa para o Brasil agora é a renúncia. A segunda melhor é a chapa Dilma-Temer ser cassada. A terceira é o impeachment. E a quarta e pior alternativa é a permanência de Temer sem legitimidade e credibilidade."

O presidente da multinacional americana Cargill no Brasil, Luiz Pretti, afirmou que a economia parecia no caminho de uma retomada, ainda que lenta, baseada na queda dos juros, na recuperação do emprego e nas reformas previdenciária e trabalhista. De repente, frisou ele, a maré mudou. "Passei a manhã explicando a nossos acionistas nos Estados Unidos o que estava acontecendo. É difícil explicar, pois, até a semana passada, o Brasil estava indo pelo caminho certo, tinha um projeto de governo."

Outros dois empresários - Pedro Passos, sócio-fundador da Natura, e Luiza Trajano, presidente do conselho do Magazine Luiza - lamentaram o fato de que a nova crise política pode atrapalhar as reformas econômicas no Brasil. "Adiar esse projeto (de reformas) prejudica o País e é uma involução. Essa descontinuidade do poder gerar incertezas, e não é bom para o País. Temos de ter calma", ressaltou o fundador da Natura. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.