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Negociações tentam blindar equipe econômica

Ueslei Marcelino/Reuters
Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Adriana Fernandes e Idiana Tomazelli

São Paulo e Brasília

19/05/2017 09h08

Citado como possível candidatos à Presidência da República no caso de renúncia do presidente Michel Temer, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, teve na quinta-feira (18), várias conversas com investidores, gestores e analistas nacionais e estrangeiros, na tentativa de tranquilizá-los de que a equipe continua trabalhando "normalmente" e que a direção da política econômica permanece a mesma.

O furacão da crise pegou o país no início, ainda frágil, do processo de retomada econômica no primeiro trimestre do ano e a equipe quer garantir que não haja retrocessos.

Qualquer que seja o desfecho da crise política deflagrada pelas acusações contra o presidente Michel Temer, segundo apurou o Estadão/Broadcast, a estratégia agora é blindar o núcleo da equipe econômica para evitar uma desorganização ainda maior da economia com riscos de ruptura.

Reformas 

O tema foi ponto central das reuniões que aconteceram ontem na área econômica e nas conversas com políticos e representantes do setor produtivo.

O recado transmitido por Meirelles aos representantes do mercado financeiro é de que a gestão econômica continua "firme e serena". "Vamos aguardar os desdobramentos e os próximos passos do Congresso", disse uma fonte da equipe econômica.

Nas conversas com os investidores e empresários, Meirelles também transmitiu a avaliação de que vai continuar trabalhando para a aprovação das reformas. O ministro afirmou a interlocutores que acredita no "voto de racionalidade" dos parlamentares porque os partidos estão preocupados com a governabilidade e a situação econômica. Meirelles vai procurar os parlamentares para alinhavar o encaminhamento dos projetos no Congresso.

A avaliação é de que a economia está retomando o crescimento, não há expectativa da volta da inflação e nem de um movimento de aumento da taxa básica de juros, disse a fonte.

No radar, a preocupação maior com uma rápida contaminação do projeto econômico pela crise política. As votações das reformas - tanto a previdenciária quanto a trabalhista - já estão comprometidas e investidores estrangeiros de saída do país.

Sucessor de Temer

Em meio à quantidade enorme de rumores em Brasília, alguns negociadores das reformas já falam nos bastidores no nome de Henrique Meirelles como uma opção para assumir a Presidência, caso Temer deixe o cargo. Nessa hipótese, o Congresso seria o responsável por eleger o próximo presidente, de forma indireta.

No entanto, também há um receio de que as denúncias atinjam o próprio ministro da Fazenda, que já atuou no conselho de administração da J&F, holding da JBS. Oficialmente, o ministro não se pronunciou nesta quinta.

O governo trabalha para administrar um período de grande instabilidade nas próximas dias e semanas. Meirelles e o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, acertaram uma ação conjunta para tentar controlar a volatilidade que visa assegurar a liquidez no mercado. "O governo não deve interferir em preços", afirmou a fonte. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".