Reformas são o foco das preocupações
Nas suas contas, se esse quadro se concretizar, a atividade econômica pode perder cerca de R$ 170 bilhões este ano. Para chegar a esse montante, o cálculo do economista considerou a diferença entre a sua projeção inicial de que o País cresceria 0,6% este ano, num cenário de normalidade, e o risco, agora, de uma nova recessão.
Com a recente turbulência política, Gesner conta que há empresas que voltaram a adiar projetos que estavam sendo desengavetados. Apesar dessa reação inicial das empresas, o economista também considera a possibilidade de um cenário mais favorável. Neste caso, o imbróglio político seria superado nas próximas semanas e o andamento da agenda de reformas, retomado. Ele acredita que seria possível, então, crescer neste ano 0,6% e recuperar as perdas na economia já ocasionadas pela crise política.
Apesar da elevada incerteza, um dos pontos em comum entre os economistas é que a reforma da Previdência ficou mais difícil de ser aprovada. "Ficou claro que essa reforma não vai avançar", diz o economista Juan Jansen, sócio da 4E consultoria. Ele calcula que a economia pode perder neste ano cerca de R$ 30 bilhões por conta da crise. Essa cifra corresponde a uma revisão de estimativa de crescimento do PIB, de 0,1%, para uma queda de -0,3%. O maior impacto deve ocorrer em 2018: R$ 75 bilhões a menos no crescimento. "O investimento está travado e o consumo também vai sofrer", prevê Jansen.
Nesse ambiente, o pior cenário seria a volta da recessão em 2017 e a sua continuidade em 2018, diz o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale. Ele observa que ainda é cedo para falar de números. Mas calcula que as perdas no PIB por conta da crise podem variar de R$ 70 bilhões a R$ 350 bilhões, mas seus cálculos consideram dois anos, 2017 e 2018. "Estávamos no meio de um processo de recuperação e agora este trimestre já está perdido."
Juros. Uma eventual queda mais lenta nos juros por causa da crise atual é um dos fatores que podem prejudicar o PIB do ano que vem, diz a pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, Silvia Matos. A economista ainda está revisando os números, mas acredita que o maior impacto da turbulência política deve recair sobre a economia em 2018. Inicialmente, ela previa expansão de 2,5% a 3% no próximo ano. Agora já considera reduzir o número para 2%.
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