EUA avaliam avião Super Tucano da Embraer
O convite é importante para a Embraer. A demanda por aeronaves da classe do Super Tucano está em crescimento na Ásia, África, Oriente Médio e América Latina. O convite do Pentágono é fator de prestígio, e eventualmente um bom argumento comercial, em um segmento avaliado em US$ 3,5 bilhões, envolvendo encomendas potenciais de 300 aeronaves. O principal produto militar da companhia já atua regularmente na aviação do Afeganistão, Angola, Brasil, Burkina-Fasso, Chile, Colômbia, Equador, Indonésia, EUA, Líbano, Mauritânia, Mali e Republica Dominicana.
O viés do estudo OA-X (Conceito de Observação e ataque na sigla em inglês) é definir os benefícios do uso de um modelo novo, de baix0 custo, e que não requeira desenvolvimentos para fornecer o apoio tático à tropa, em missões em ambiente de baixo risco - por exemplo, onde as defesas antiaéreas estiverem limitadas a metralhadoras ou mísseis disparados do ombro de um soldado.
O modelo examinado deverá ter, ainda, capacidade para receber acessórios que permitam realizar voos de coleta de informações de inteligência. A análise considera uma solução em dois vieses: a compra de uma aeronave para fazer esse trabalho mais leve, associada à modernização de uma parte da frota do A-10, providência capaz de estender a vida útil do pesado e caro Javali até ao menos 2035.
O ágil turboélice A-29 não está sozinho na OA-X. A USAF convidou também as empresas Beechcraft, com o AT-6 Wolverine - muito parecido com o Super Tucano -, e a Textron Airland, por meio do Scorpion, o único jato do grupo. A preocupação das autoridades americanas com o gasto operacional é grande. Uma hora de voo do A-10 não sai por menos de US$ 17 mil. O novo F-35 Lightning exige entre US$ 35 mil e US$ 42 mil. A despesa com o Super Tucano, pelo mesmo tempo de emprego, fica na faixa entre US$ 1 mil e US$ 1,5 mil. "O nosso produto é a solução ideal para a USAF porque é especialmente adequado para o tipo de missão pretendido", disse Jackson Schneider, presidente da EDS.
Com uma vasta lista de admiradores e volumosa ficha de sucesso em combate, o Javali, entrou em operação há 40 anos - ainda é eficiente, mas ficou velho. A rigor, o A-10 foi desenhado em torno do maior canhão embarcado de sua classe: o GAU-8 Vingador, um gigante de 300 kg, 6 metros de comprimento e 7 canos rotativos de 30 mm. A arma é um metro mais comprida que o Mercedes Benz S/500L, um dos maiores sedãs do catálogo da fabricante alemã.
Sucessão
A Comissão das Forças Armadas do Senado dos EUA quer que a desmobilização comece já em 2017 no âmbito de um corte proposto de despesas da aviação militar da ordem de US$ 4 bilhões. Não é tão simples.
"O A-10 é muito bom no que faz", diz o ex-piloto Bock Martin, lembrando que nas duas guerras do Iraque, em 1991 e 2003, "foram cumpridos mais de 4 mil ataques com os Javalis - o índice de êxitos foi superior a 94%, um recorde - fica difícil tirar do ar um recurso eficiente assim". O problema é que o A-10 não tem sucessor claro. A solução mais prática para o problema, de acordo com os consultores do Pentágono, é submeter a um amplo programa de modernização de 173 exemplares extraídos da atual frota pronta para uso, cerca de 290 unidades - 160 delas compondo esquadrões em permanente mobilização.
Esse conjunto permaneceria engajado nas tarefas mais pesadas. As missões mais leves caberiam a uma outra aeronave, entre as avaliadas na OA-X. Leve vantagem para o A-29 Super Tucano, da EDS.
Considerado o melhor de sua classe em produção no mundo, com 200 aviões produzidos, e uso regular em 13 países contra insurgentes, no trabalho de apoio aproximado da tropa em terra, o A-29 leva a vantagem de já ter sido escolhido uma vez pelo Departamento de Defesa dos EUA e de já estar sendo fabricado em território americano. Mais do que isso: o avião brasileiro é citado nos EUA em todos os principais estudos a respeito da troca do A-10 como opção para atender ao segundo viés do empreendimento: "ataque leve em território hostil de baixo risco".
O Super Tucano foi selecionado pela Força Aérea dos EUA para ser comprado e repassado para a aviação do Afeganistão. O contrato, de US$ 428 milhões, cobre 20 aviões. Parte desse lote, 8 aeronaves, permanecerá em território americano servindo ao treinamento de pilotos na base de Moodys. Os 12 restantes já foram entregues estão sendo empregados para atingir alvos do Taleban, da Al-Qaeda e do Estado Islâmico. Entre janeiro e março de 2016 - único balanço oficial divulgado - foram realizados 260 ataques. Em apenas um deles 42 líderes radicais teriam sido eliminados, de acordo com o comando afegão de operações aéreas.
A linha de produção americana fica em Jacksonville, na Flórida. É dessa facilidade industrial, mantida em associação com o grupo Sierra Nevada Company, que saem outras encomendas intermediadas em Washington, como os seis Super Tucanos comprados em novembro de 2015 pelo Líbano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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