Turbulência pós-delações da JBS adia recuperação brasileira, diz economista
Para Leal, antes das delações dos sócios da JBS o País estava muito próximo de um círculo virtuoso, com o ajuste fiscal em andamento e previsão de votação da reforma previdenciária, que reduziria o risco para investidores interessados no País, atrairia mais investimentos, geraria mais confiança de empresários e crescimento da economia. "O problema é que a gente quebrou um pedaço dessa corrente, quebrou a certeza de ajuste fiscal e a melhoria da confiança", afirmou Leal. Sem confiança de empresários, a tendência é de que haja redução de investimentos, menor consumo interno e, consequentemente, estagnação do crescimento econômico, acrescentou ele.
Por outro lado, Leal ponderou que "nem tudo está perdido". A inflação em baixa e os juros em queda são pontos positivos do cenário econômico atual. Além disso, ainda que a reforma da Previdência seja considerada de extrema importância para a solvência futura do País, ele avalia que há mecanismos para administrar um cenário sem reforma até 2019 (após as eleições de 2018), se ela não for feita até lá. "Dificilmente escaparemos de um aumento de imposto."
Leal destacou também a importância da equipe econômica atual para a sustentação da economia brasileira. "O mercado hoje é sustentado por duas pernas, Ilan Goldfajn e Henrique Meirelles, e a equipe econômica como um todo. Por isso, analistas dizem que não importa se o Temer fica ou não, o que importa é que a equipe econômica fique", declarou.
Leal enfatizou, ainda, que o cenário internacional tem contribuído de forma relevante para que o Brasil atravesse a crise e a instabilidade política recente com certa "tranquilidade". "O cenário externo tem ajudado muito o Brasil a passar pela crise. O excesso de liquidez e a falta de papeis de baixo risco empurram o investidor estrangeiro para ativos mais arriscados como os do Brasil", declarou o economista.
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