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Elétricas atraem investidores maduros

Renée Pereira e Monica Scaramuzzo

São Paulo, 25/06/2017

25/06/2017 10h49

Quando a chinesa State Grid anunciou no ano passado a compra da CPFL, uma das maiores companhias privadas de energia do Brasil, as apostas do mercado indicavam para um novo movimento de consolidação do setor, ancorado por investidores asiáticos. O apetite chinês continua forte pelos ativos brasileiros, mas agora eles têm a companhia de outros interessados.

Investidores espanhóis, italianos, ingleses e canadenses estão olhando ativamente negócios no País. É o caso do fundo do investidor britânico Guy Saxton, o Brazil Iron, que está disposto a injetar £ 1 bilhão no País em ativos de transmissão da estatal Eletrobrás. O advogado Gustavo Buffara Bueno, sócio do escritório Buffara Bueno, que representa o investidor, afirma que o fundo aguarda o levantamento de valores dos ativos da estatal, que é assessorada pelo BTG Pactual.

Com forte liquidez e precisando dar retorno para os cotistas, os fundos de pensão e de investimentos estão gastando alguns milhões de reais no País para mapear as oportunidades. "Eles estão olhando de tudo, seja para comprar ou para emprestar", afirma o diretor-geral do escritório Alvarez & Marsal, Luis De Lúcio.

A lista de potenciais investidores em ativos elétricos inclui ainda a estatal canadense Hydro Quebec, apontada como uma das companhias interessadas na Companhia Energética de São Paulo (Cesp), apurou o Estado. Em nota, a canadense informou que procura adquirir ativos de energia ou participações em empresas do setor fora do país e que o objetivo não é só ser um investidor financeiro, mas também participar com tecnologia e inovação. A estatal diz que está analisando várias oportunidades, sem detalhar quais ativos estão no seu radar.

Uma das maiores protagonistas em aquisições no País de ativos colocados à disposição após a Lava Jato, ao lado da chinesa State Grid, a gestora canadense Brookfield também avalia negócios de energia, mas no segmento de renováveis. A gigante, que tem sob gestão US$ 250 bilhões em ativos no mundo, é a maior operadora independente de pequenas centrais hidrelétricas do Brasil. Procurada, a empresa não comentou o assunto.

Abertura de capital

Embora o assédio por ativos de energia esteja grande, fontes do mercado financeiro não descartam que uma parte dos negócios nas mãos do governo e até do setor privado optem pela abertura de capital para levantar recursos. A decisão, contudo, depende da melhoria do ambiente macroeconômico, que dava sinais de recuperação, mas foi abatido pelas delações dos irmãos Batista, donos do JBS e da holding J&F, envolvendo o presidente Michel Temer.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.