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Cambuhy, Itaúsa e Gávea avaliam comprar Alpargatas dos irmãos Batista

Mônica Scaramuzzo, com colaboração de Wagner Gomes

São Paulo

27/06/2017 08h58

A J&F, holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista, está avançando nas negociações para a venda da Alpargatas, dona da Havaianas. Ontem, a holding anunciou a assinatura de um contrato de confidencialidade com o fundo Cambuhy, braço de investimentos da família Moreira Salles, sócios do Itaú Unibanco. A Itaúsa, empresa da família Setubal, também sócia da maior instituição financeira privada do País, vai participar das análises do ativo. O ‘Estado’ apurou ainda que o Gávea Investimentos, do ex-presidente do Banco Central, Arminio Fraga, também pode se associar ao Cambuhy e à Itaúsa para avaliar o negócio.

Fontes a par do assunto afirmaram que pelo menos dez grupos, entre fundos de investimentos e empresas, têm interesse na Alpargatas. Na noite de domingo, um dia antes de anunciar oficialmente ao mercado o contrato de confidencialidade com o fundo Cambuhy, Joesley Batista ligou para pessoas ligadas à Alpargatas para dizer que estava conduzindo diretamente o processo e queria resolver a venda o mais rápido passível.

Além da Alpargatas, a J&F assinou contrato de confidencialidade com a chilena Arauco para vender a Eldorado, de papel e celulose, que tem dívidas de cerca de R$ 8 bilhões. Na lista de ativos que devem ser vendidos pelos irmãos Batista estão a empresa de lácteos Vigor, a Âmbar (de energia), o Canal Rural, a Moy Park (empresa de carne bovina), da Irlanda, e a Five Rivers Cattle Feeding, de confinamento de gado.

Pessoas familiarizadas com o assunto não descartam que a companhia possa se desfazer até da Seara, que foi adquirida em 2013. "O objetivo é preservar ao máximo os negócios de carne, principalmente as empresas dos EUA", disse essa fonte, que afirmou que o grupo pretende levantar R$ 20 bilhões até o fim de julho.

Ontem, as ações da JBS fecharam em queda de 1,28%, a R$ 6,18. As da Alpargatas subiram 3,87%, a R$ 13,15.

Em nota, a Itaúsa confirmou que participa do processo junto com a Cambuhy. No comunicado, informou que tem por objetivo adquirir 50% da participação detida pela J&F e firmar acordo de acionistas com a Cambuhy para gestão compartilhada da Alpargatas, sem citar o Gávea. Já o fundo Gávea não comentou o assunto.

Fontes ligadas à Alpargatas afirmaram que o processo da dona da Havaianas está competitivo, embora o Cambuhy seja apontado como favorito.

Conforme publicou o Estado, boa parte dos fundos de investimentos que olharam a Alpargatas antes de a companhia ser vendida pela Camargo Corrêa à J&F em novembro de 2015, como Tarpon, Advent e Carlyle, têm interesse no negócio. O fundo CVC, que busca ativos no País, também analisa a empresa. Nenhum fundo comentou o assunto. A J&F pagou R$ 2,7 bilhões pela Alpargatas, valor considerado alto à época.

Conversas adiantadas. Os bancos Bradesco e Santander, contratados pelos irmãos Batista para conduzir as vendas da Vigor, devem receber propostas pela empresa láctea até a segunda quinzena de julho. Estão no páreo, além da americana Pepsico, que já tinha demonstrado interesse pelo negócio, a mexicana Lala, a Danone, a americana Coca-Cola e a Kraft Foods, segundo fontes. A Danone informou que não comenta rumores. As outras empresas não retornaram os pedidos de entrevista.

No caso do Eldorado, a chilena Arauco também é considerada a favorita para fechar o negócio. Mas a Fibria, maior companhia de celulose do mundo, também está no páreo, segundo fontes. As empresas não comentam.

Mesmo com acordo de leniência fechado com o Ministério Público Federal, no valor de R$ 10,3 bilhões, fontes afirmaram que os potenciais compradores de ativos dos irmãos Batista vão se resguardar de salvaguardas jurídicas ao fechar os negócios.

Na semana passada, a Justiça Federal de Brasília barrou a venda de ativos do JBS para o Minerva, no total de US$ 300 milhões. Procurada, a J&F disse que não comenta negociações em andamento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.