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Emissor do cartão de débito terá redução na sua remuneração, diz BC

Eduardo Rodrigues e Fernando Nakagawa

Brasília

26/03/2018 13h41

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Reinaldo Le Grazie, afirmou nesta segunda-feira, 26, que, com a limitação da tarifa de intercâmbio anunciada nesta data, as instituições emissoras de cartões de débito terão uma redução na sua remuneração, com ganhos para os estabelecimentos comerciais. "Acreditamos que essa redução será repassada ao consumidor em função da competição no mercado pelos estabelecimentos comerciais", repetiu.

Le Grazie admitiu que o mercado de cartões de crédito é mais complexo que o de cartões de débito, por isso a tarifa de intercâmbio nos cartões de crédito não foi limitada neste momento. "Vamos continuar acompanhando esse mercado, mas precisamos de mais informações sobre esse segmento", afirmou.

O diretor também reconheceu dificuldades em implementar medidas sobre o prazo de liquidação das operações, sobretudo no cartão de crédito, que é baseada em prazos longos. "Gostaríamos que o mercado trouxesse sugestões para prazos mais curtos", afirmou, acrescentando que essa transição para prazos menores deve ser gradual.

Le Grazie citou o "parcelado lojista", que é um crédito dado pelo varejista, que precisa buscar esse crédito depois. "O parcelado lojista é uma operação brasileira que é muito importante no varejo e vai continuar", completou.

Segundo ele, o próprio setor tem oferecido alternativas de financiamento aos consumidores com prazos mais curtos. "Quando o consumidor tem mais alternativas o BC acompanha isso com felicidade", avaliou.

O Banco Central lançou um pacote de ações para tentar reduzir o custo das transações do cartão de débito e também aumentar a eficiência dos meios de pagamento no varejo. A principal medida limita a tarifa de intercâmbio que é paga pelo credenciador do estabelecimento comercial ao emissor do cartão de débito. Outra medida simplifica e dá mais agilidade para que novas empresas entrem no segmento de arranjos de pagamento.

Questionado pelos jornalistas, ele respondeu que o BC não tem medidas em relação ao cheque especial. De acordo com Le Grazie, no entanto, a Febraban deve apresentar em abril um novo modelo de negócios para o cheque especial que não depende de uma medida da autoridade monetária.

Competição

O diretor de Política Monetária do Banco Central disse que a competição no mercado de cartões de débito tem feito as tarifas caírem - principalmente a taxa de desconto -, mas a taxa de intercâmbio tem variado menos. A tarifa de intercâmbio será limitada pelo BC a partir de 1º de outubro deste ano. "Essa tarifa é mais rígida mesmo no mundo todo. Há modelos variáveis sobre a taxa de intercâmbio em outros países", afirmou.

Le Grazie repetiu que bancos deverão ter redução de 40% na remuneração por taxa de intercâmbio, já que a tarifa cobrada atualmente será limitada a um patamar 40% menor.

Segundo Le Grazie, a autoridade monetária acredita que as operações com cartão de débito têm espaço para crescer no interior do País, mas também na periferia das grandes cidades brasileiras.