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Cresce o total de reclamações contra instituições financeiras em 2017, diz CVM

Anna Carolina Papp*

São Paulo

21/05/2018 12h52

O aquecimento do mercado financeiro nos últimos tempos, incentivado por juros baixos e pelo bom momento que a Bolsa vinha vivendo (na semana passada, fechou em queda), ampliou o número de investidores no país e o apetite por novos produtos --mas também o número de reclamações contra as instituições financeiras.

Segundo dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em 2017 foram protocoladas mais de 81 mil reclamações, seja por internet, telefone e presencialmente --um aumento de 9% em relação a 2016.

Entre as principais queixas estão ofertas irregulares e problemas com corretoras, que, segundo especialistas, não estavam preparadas para a alta na procura.

De acordo com o boletim de atendimento ao público da CVM, o "xerife" do mercado de capitais, os números indicam uma "clara retomada da demanda por orientação" financeira.

Esse movimento, segundo a instituição, foi iniciado em 2016, depois de uma redução expressiva em 2014 e 2015. "O investidor está atento e tem buscado estar cada vez mais informado", afirma José Alexandre Vasco, superintendente de proteção e orientação aos investidores da CVM.

Entre as queixas que efetivamente viraram processos administrativos, a maior parte (21,4%) são contra ofertas irregulares. "É o exercício não autorizado e também as chamadas 'pirâmides financeiras", diz Vasco.

O segundo maior item entre as reclamações é na intermediação de valores mobiliários (18,1%), ou seja, queixa sobre a atuação de corretoras, distribuidoras e agentes autônomos. Segundo a CVM, as reclamações mais frequentes são sobre mau funcionamento das plataformas de negociação (home broker) e alegação de operações não autorizadas.

"A demanda de massa cresceu muito; então, temos recebido muitas informações sobre falhas nos sistemas e plataformas, além de falta de transparência", diz Vasco.

Bernardo Pascowitch, fundador do buscador de investimentos Yubb, diz que, com a queda da Selic, houve uma corrida para produtos mais arriscados, embora isso nem sempre fique claro. "Muitas instituições pecam em não informar sobre os riscos existentes, principalmente em caso de produtos que não contam com a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC)."

Queixas

Caso queira fazer consultas, reclamações ou denúncias, o investidor pode entrar em contato com a CVM pela internet ou pelo telefone 0800-025-9666 (das 8h às 20h).

Como escolher uma corretora

1. Objetivos. Antes de optar por uma corretora, o planejador financeiro Jaques Coheh indica que a pessoa alinhe bem suas aplicações aos seus objetivos. Segundo ele, isso é importante para que, na sequência, o investidor possa saber se de fato a instituição financeira terá os produtos que mais indicados aos seus propósitos.

2. Taxas. Antes de dar o veredicto, é importante observar as taxas de corretagem. Muitos bancos e corretoras atreladas aos bancos cobram taxas para aplicar no Tesouro, por exemplo, enquanto as independentes têm taxa zero.

3. Reputação. Avalie a reputação das corretoras na CVM e em sites de reclamações --bem como aspectos que você não poderá testar antes de contratar, como usabilidade, atendimento e aplicativos, por exemplo.

4. Senso crítico. Assim como o gerente do banco, os agentes autônomos das corretoras de valores não são pessoas isentas. Ou seja, eles ganham comissão sobre os produtos oferecidos. Por isso, é importante questionar e analisar com cuidado todas as recomendações que forem feitas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

* Colaborou Jéssica Alves