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Ilan diz que guerra comercial gera incertezas e crescimento menor no mundo

André Ítalo Rocha e Eduardo Laguna

São Paulo

28/05/2018 15h18

Em resposta a uma pergunta sobre os efeitos de uma guerra comercial entre Estados e Unidos e China, o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, rejeitou a tese de que o conflito poderia ser positivo para o Brasil. "Guerra comercial não beneficia ninguém, gera incertezas e crescimento menor no mundo", afirmou o dirigente, em evento do Lide, grupo de empresários.

Para Goldfajn, o ideal é que o comércio internacional cresça, acrescentando que o Brasil deveria buscar realizar mais acordos comerciais com outros países ou regiões, dando o exemplo da Europa.

"Deveríamos acelerar isso nos próximos anos, porque isso gera mais confiança, mais eficiência, mais exportação e tenho certeza que gera mais crescimento também", disse.

Questões políticas

Numa declaração em que recebeu aplausos de empresários, Goldfajn ressaltou o papel técnico e apartidário da autarquia ao dizer que não comentaria questões políticas.

"Acho que hoje em dia precisamos ter atores de Estado, atores neutros. Vamos trabalhar no BC independente das questões politicas", declarou Goldfajn ao responder a uma pergunta sobre as eleições de outubro.

Apesar do posicionamento neutro, o presidente do BC voltou a dizer que é fundamental ao País perseverar com a agenda de reformas e medidas estruturais, dentro do objetivo de reduzir sua taxa de juros estrutural. Segundo ele, o Brasil vai "naturalmente" voltar a atrair investimentos à medida que conseguir avançar na agenda de reformas.

Mais uma vez, Goldfajn alertou que uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes estruturais na economia poderá afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária.

"O risco desse impacto se intensifica no caso de continuidade da reversão do cenário externo para economias emergentes", observou Goldfajn durante o almoço do Lide. Durante o evento, ele citou a reversão do cenário externo entre os motivos que levaram o Copom manter os juros em sua última reunião.

Segundo Goldfajn, o choque externo reduziu a chance de a inflação ficar abaixo da meta, tornando também desnecessária uma ação da autarquia para diminuir o risco de a inflação convergir muito lentamente em direção à meta.

Selic

Goldfajn reforçou que a manutenção da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 6,5% ao ano, nas próximas reuniões do Copom é "adequada", considerando-se as projeções "confortáveis" para a inflação e o balanço de riscos considerado pelo colegiado em suas decisões.

Durante almoço promovido pelo Lide, ele repetiu a leitura, expressa nos últimos comunicados do Copom, de que a conjuntura de recuperação lenta prescreve que a Selic continue abaixo da taxa de juros estrutural para estimular a economia.

Ao comparar com o cenário observado antes de assumir o comando do BC, Goldfajn destacou que as expectativas de inflação se mostram hoje ancoradas.

"A redução da inflação, a ancoragem das expectativas, a queda nas taxas de juros e a melhoria das condições no mercado de crédito têm propiciado a recuperação da economia", comentou o titular do BC.