Para cúpula militar, situação é delicada
Ele considera que a situação atual poderia ter sido evitada se o governo tivesse agido com antecedência. A grande preocupação das Forças Armadas é parecer que os militares querem um protagonismo, o que, diz ele, não procede. Além disso, fontes consultadas pela reportagem se queixam que em casos como esses é atribuída uma responsabilidade às Forças Armadas para resolver problemas que não estão apenas nas mãos do Exército, Marinha e Aeronáutica, porque dependem de determinação e pedido de auxílio para cada missão, em cada Estado.
A avaliação da cúpula militar, que tem feito pelo menos duas reuniões diárias, por videoconferência entre todos os comandos do País, incluindo as três forças, é que "a situação é muito delicada" e o "quadro se agravou muito nas últimas horas (durante o domingo)", mesmo com a desobstrução de rodovias em muitos pontos do Brasil.
Um dos oficiais-generais consultados explicou que não adianta liberar estrada, sair do acostamento, se o caminhoneiro continuar parado como está e não fizer a mercadoria circular. A segunda-feira está sendo considerada um dia crucial para se medir a temperatura do que está por vir, mas os militares lembram que surgiu um problema crítico: a greve de 72 horas dos petroleiros, anunciada para a zero hora de quarta-feira.
À disposição
Os militares reiteram, no entanto, que estão à disposição para ajudar, no que for preciso, sempre dentro do respeito aos preceitos constitucionais e agindo seguindo os pedidos do Planalto, e não por iniciativa própria.
O maior incômodo deles é que quando o presidente Temer anunciou que estava convocando as forças federais para ajudar a restabelecer a ordem e retomar o abastecimento do País, ficou parecendo que os militares iam chegar e, como se fosse função deles, resolver o problema da paralisação dos caminhoneiros no fim de semana. "Não é nosso papel", reclamou outro integrante do alto comando das Forças, lembrando que eles atuam para apoiar outras ações.
Este mesmo militar lembrou que, no caso do Rio, a forma como foi colocada a questão, deu a impressão de que os militares, ao assumirem a segurança pública do Estado, iam resolver o problema da criminalidade em um mês, devolvendo a tranquilidade da população, que foi destruída ao longo de décadas, com contaminação de todos os poderes locais.
Afogadilho
A avaliação é de que, no processo dos caminhoneiros, todas as medidas foram tomadas de afogadilho, atirando para todos os lados e, ao final, se tornando refém da categoria, deixando claro para o País a péssima sensação de que "está dando tudo errado".
Os militares observam ainda que é muito ruim o governo estar negociando com a faca no pescoço. De acordo com vários integrantes da cúpula consultados, o governo parece "estar perdido" na condução desse processo porque não sabe quem é o interlocutor certo e com quem está negociando. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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