Brasil perde espaço entre 'desafiantes' globais
Para fazer parte da lista de multinacionais de emergentes, uma empresa precisa ter receita de US$ 1 bilhão ou mais, empregar mil ou mais funcionários e arrecadar parcela significativa de seu faturamento no exterior, com ambições de expansão futura. Para escolher as companhias em ascensão, o BCG estuda o resultado de médio prazo, considerando um período de três a cinco anos.
Ser considerada uma desafiante global é um passo para, no futuro, atingir o nível de líder mundial. Entre as companhias sediadas no Brasil, só a mineradora Vale e a indústria de carnes JBS estão nesse grupo. A Ambev não é computada como brasileira, uma vez que faz parte da AB InBev.
Entra e sai
A "dança das cadeiras" em relação há dois anos se deu com a saída de quatro companhias brasileiras e a entrada de duas.
Entre as que estavam na lista de 2016 e ficaram de fora da atual estão grandes empresas industriais brasileiras, como Braskem, Marcopolo, Tigre e Petrobrás.
Segundo o diretor do BCG, Otávio Dantas, a saída de duas companhias reflete a crise do mercado interno - Tigre e Marcopolo tiveram seus resultados afetados pelo fraco desempenho dos setores imobiliário e de caminhões, respectivamente.
No caso da Petrobras, além dos resultados ruins no período analisado, pesou também o programa de venda de ativos da empresa.
Nesse processo, comandado por Pedro Parente, que deixou a presidência da estatal em 1.º de junho, a petrolífera se desfez de vários ativos no exterior. "Basicamente, a Petrobras decidiu ser uma empresa voltada para o mercado interno", diz Dantas.
Já a justificativa para a saída da Braskem, segundo o BCG, foi a perda de competitividade de suas duas controladoras: a Odebrecht e a Petrobras, ambas envolvidas na Operação Lava Jato. Na semana passada, a Odebrecht anunciou que negocia a petroquímica com o grupo holandês LyondellBasell.
Caso uma união venha a ocorrer, a companhia resultante deverá ser a líder mundial do setor petroquímico.Além das sete empresas que conseguiram permanecer na lista - BRF, Embraer, Gerdau, Iochpe-Maxion, Natura, Votorantim e Weg -, duas companhias foram promovidas: a Alpargatas e a Cielo.
Segundo a consultoria, a Cielo foi escolhida por se destacar no competitivo cenário de pagamentos, enquanto a dona da Havaianas pela primeira vez é computada como companhia independente.
Em levantamentos anteriores, havia aparecido dentro do "pacote" de duas de suas antigas controladoras, a Camargo Corrêa e a J&F (dona da JBS).O projeto internacional da Alpargatas, segundo o presidente da empresa, Márcio Utsch, começou a ganhar relevância há pouco mais de dez anos - em 2005, por exemplo, a receita da empresa em moeda estrangeira era de apenas 3% do faturamento total.
Com o trabalho feito desde então, essa proporção agora está perto de 40%. Utsch diz que as ambições globais do negócio continuam a crescer. No fim do ano passado, por exemplo, a empresa firmou uma parceria para atuar no mercado indiano, onde tem 1,25 bilhão de potenciais clientes.
Resposta
Questionada, a Petrobras disse, em comunicado, que vem "atuando de forma mais seletiva e priorizando investimentos em projetos mais rentáveis". A companhia também afirmou que pretende ampliar sua produção - de 2,7 milhões para 3,5 milhões de barris por ano, até 2022 - e hoje tem como principal métrica financeira a redução de seu endividamento.
A partir do cumprimento desses objetivos, a Petrobras diz que vai reavaliar sua estratégia de atuação internacional.Procuradas, a Tigre, a Marcopolo e a Braskem não quiseram comentar o assunto. "A Petrobras decidiu ser uma empresa voltada para o mercado interno."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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