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Empresa renasce com customização de peças

Letícia Ginak

São Paulo

27/06/2018 07h10

Com o pedido de recuperação fiscal feito em maio deste ano pela empresa Gibson, uma das mais consagradas marcas do cenário musical mundial, escancarou-se uma crise no segmento e, com isso, falou-se muito sobre o fim da guitarra. Mas, se depender do gerente comercial da Malagoli Captadores, Érico Malagoli, a especulação está longe de se tornar uma realidade.

Inaugurada nos anos 1960, a empresa especializada em captadores, peça responsável por dar o timbre à guitarra e contrabaixo, vive um período de crescimento e faturamento positivos após anos de crise no negócio. A grande responsável pela quase falência do

negócio foi a abertura econômica do Brasil nos anos 1990. "Os importados chegaram com tudo e, do dia para a noite, perdemos praticamente todo o nosso mercado", lembra.

Nascida na marcenaria do avô de Malagoli, a empresa tinha como objetivo a venda dos captadores para fábricas nacionais de instrumentos musicais e lojas especializadas. "Meu pai e meus tios, os fundadores, começaram a fabricar guitarras por hobby. Mas logo perceberam que existia demanda específica de captadores para guitarras. Observando uma peça pronta, passaram a fabricar 'na raça' e a fornecer a peça", conta.

"A abertura foi feita de forma abrupta. Além da concorrência, os fabricantes brasileiros estavam atrasados em questão de desenvolvimento tecnológico", diz Malagoli, ressaltando que os produtos vindos de fora eram mais baratos e tinham o status de produto importado.

Para reerguer a empresa, a família Malagoli tentou explorar diferentes negócios dentro do segmento musical, mas todos fracassaram. "Estávamos desesperados para conseguir manter a empresa."

Insistência

Foi então que Malagoli, o neto, entrou ativamente no negócio e sugeriu ao pai insistir na fabricação de captadores, porém de forma mais moderna e personalizada.

"Podíamos fazer captadores tão bons quanto os norte-americanos e asiáticos e com preço justo para o mercado nacional. Pegamos um empréstimo no banco e apostamos mais uma vez na empresa."

A participação em feiras do ramo, publicidade em revistas de música e, principalmente, a mudança do modelo de negócio, que passaria a ter como foco o consumidor final, levantaram a empresa.

"Abrimos uma loja online em 2005 e passamos a vender direto para o consumidor, sem depender de fábricas ou lojas", conta o executivo. "Além disso, customizamos os captadores. Se um cliente quer um timbre específico para a sua guitarra, vamos produzir uma peça com esse timbre. O design das peças e embalagens também foram alterados e modernizados", afirma Malagoli.

Embora não revele os números, o gerente comercial conta que o faturamento da empresa já ultrapassou o histórico que tinha nos tempos de ascensão, antes da crise. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.