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Sinalização é a mesma do comunicado e da ata, diz Ilan, sobre mensagem do RTI

Fernando Nakagawa e Fabrício de Castro

Brasília

28/06/2018 12h41

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, reafirmou que a mensagem trazida pelo Relatório Trimestral de Inflação (RTI) é a mesma trazida nos últimos dias pelo comunicado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e também pela ata da reunião. "A sinalização é a mesma do comunicado e da ata. Não achamos que o momento é de indicação futura devido à incerteza na conjuntura", disse o presidente do BC em entrevista coletiva.

Ilan reafirmou a mensagem trazida por esses documentos de que, diante do atual contexto, o BC optou por "se abster de fornecer indicações sobre os próximos passos da política monetária". O presidente da instituição deu como exemplo a existência de choques atualmente na economia brasileira, como o aumento temporário da inflação gerado pela paralisação dos caminhoneiros. "Temos de ver como vão se repercutir na economia brasileira", disse.

Durante a entrevista, o presidente do BC avaliou que a instituição tem "deixado claro como reage a diferentes choques". Nessa estratégia, o Comitê de Política Monetária (Copom) tem repetido diversas vezes que o que importa para a atuação da instituição "é ancoragem das expectativas no médio e longo prazo".

Eleições

Sobre as eleições, o presidente do BC não respondeu questão sobre as eleições e disse que a instituição não comenta o tema, mas reafirmou a defesa já feita nos últimos documentos de que a continuidade das reformas é importante para a manutenção da inflação em níveis baixos.

Copom

O presidente do BC também comentou a decisão de maio do Copom, que pegou parte do mercado de surpresa ao manter o juro em 6,50%. "O que ocorreu é que achamos que não havia necessidade de mitigação e, por isso, houve manutenção do juro em maio. A decisão refletiu esse balanço de riscos", disse, ao comentar que, no momento, a instituição vê as projeções para a inflação convergindo no médio e longo prazo para as metas.

Ele afirmou ainda que, ao longo do tempo, dentro de seu horizonte relevante, o BC vai cada vez olhar mais para o ano de 2019. Isso porque as decisões sobre juros tomadas agora terão mais influência nos anos à frente.

Ilan lembrou ainda que em suas comunicações o BC tem colocado qual é seu balanço de riscos para a inflação. "O primeiro risco é o de a inflação ficar muito baixa. Caminhávamos abaixo de 3% ano passado e neste ano", citou. "Este risco diminuiu bastante", acrescentou.

Outro risco, conforme Ilan, é de haver frustração nas expectativas com o andamento das reformas, e de isso ser intensificado em função do cenário externo. "Alertamos várias vezes que não podíamos contar com o cenário externo benigno para sempre", pontuou. Segundo ele, o risco do cenário externo se intensificou da reunião anterior do Copom para agora.

Ilan também disse que o Copom já havia enfatizado, em momentos anteriores, que a continuidade do processo de reformas e ajustes é essencial para manter a inflação em níveis baixos. "A continuidade de reformas é fundamento importante para projeções de médio e longo prazos", disse.

O presidente do BC defendeu ainda que a instituição continue olhando para sua missão, que é assegurar a inflação baixa no médio e no longo prazo. "Podemos ter choques, como estamos tendo hoje, mas acreditamos que eles são temporários", disse.

De acordo com Ilan, para tratar o choque temporário é importante manter o ambiente de expectativas ancoradas. Ele reconheceu que um dos choques é a paralisação do setor de transportes. "Achamos que teremos uma dificuldade maior para analisar dados, em função da greve", disse. "Temos que separar os impactos do choque do que é mais perene."

Sobre as sinalizações quanto aos próximos passos do BC, Ilan Goldfajn citou o esforço da instituição em sinalizar seus próximos passos. Porém, como neste momento há "maior nível de incerteza, recomenda-se abster de sinalização de próximos passos".