Credores bloqueiam dinheiro de venda de terras de Olacyr de Moraes à AMaggi
Na prática, a decisão não inviabiliza a venda das fazendas para AMaggi, o que preocupava tanto os acionistas quanto os compradores. Contudo, os recursos não ficarão disponíveis até que uma decisão final sobre o caso seja tomada. Ainda cabem recursos. A venda das fazendas à AMaggi foi concluída no fim do ano passado. Os credores bloquearam os valores para reaver uma dívida de R$ 250 milhões, em valores atualizados.
Segundo fontes a par do assunto, a venda das fazendas foi a grande aposta da herdeira para reduzir o endividamento de negócios problemáticos da família - caso da Usinas Itamarati, de açúcar e álcool. A Ciapar reúne propriedades de soja, milho e algodão em Mato Grosso, totalizando 105 mil hectares.
Essas fazendas estavam arrendadas desde 2002 para a família Maggi, tradicionais produtores de grãos do Centro-Oeste. As terras eram uma das principais fontes de recursos dos Moraes, pois os outros negócios do ex-rei da soja não tinham vingado. O empresário foi também dono de construtora (a Constran, vendida à UTC) e de um banco, chegando a ser considerado um dos homens mais ricos do mundo.
O processo que bloqueou os recursos da venda das fazendas foi movido pela Marne, que pertence a dois empresários italianos, Fiorenzo Sartor e Marco Basso. Eles usaram o argumento de "incidente de desconsideração de personalidade jurídica". A dívida que eles cobram é originalmente da GPart, holding constituída em 2006 para investir em negócios sucroalcooleiros. À época, a empresa adquiriu ativos no Mato Grosso do Sul que pertenciam a Sartor e Basso.
Herança
Ainda em vida, Olacyr de Moraes repassou seus bens agrícolas para a filha Ana Cláudia. Ela herdou vários negócios, entre eles a Usinas Itamarati, que chegou a ser a maior do mundo, e a Ciapar, dona das terras vendidas à Amaggi. Os credores rastrearam as diversas empresas da herdeira para cobrar a dívida.
Uma primeira decisão da 2.ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo determinou, em julho, que a "Agropecuária Maggi deposite em juízo, integralmente, o valor devido aos vendedores das ações da Ciapar".
Ainda de acordo com essa primeira sentença, os recursos dos acionistas da Ciapar, que incluem as empresas Baywalk e SCVSPE, foram bloqueados. Essas duas companhias pertencem ao advogado Sérgio Spinelli, ex-Mattos Filho e hoje à frente da Spinelli Advogados. Ele é sócio de Ana Cláudia de Moraes e chegou aportar recursos na empresa. O Estado apurou que, dias depois, a 2.ª Vara excluiu a Baywalk e SCVSPE do bloqueio, por entender que essas empresas não têm ligação nenhuma com a Gpart.
Procurada, Ana Cláudia informou, por meio de um interlocutor, que não irá se pronunciar. Spinelli também não comentou. O escritório Arruda Alvim & Thereza Alvim, que representa a Marne, não retornou os pedidos de entrevista. A AMaggi informou, em nota, que adquiriu a totalidade das ações da Ciapar e disse não comentaria a questão do bloqueio de recursos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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