OCDE corta projeção de alta no PIB global em 2018 e 2019 e alerta para comércio
"Não é o fim da recuperação, mas os riscos têm crescido", afirmou Laurence Boone, economista-chefe da OCDE. "As empresas têm retardado seus planos de investimento. As encomendas de exportação têm desacelerado."
Nesta segunda-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou tarifas sobre US$ 200 bilhões em produtos da China, que respondeu na terça-feira com tarifas sobre US$ 60 bilhões em exportações americanas. Trump então reiterou a ameaça de impor mais tarifas. A escalada nos últimos meses levou a algumas tarifas americanas também sobre importações da União Europeia, que respondeu com novas tarifas sobre exportações dos EUA. Os dois lados começaram a dialogar para resolver as diferenças. Trump, por sua vez, argumenta que tarifas mais altas ajudarão a criar empregos nos EUA.
Em seu relatório trimestral sobre a perspectiva global, a OCDE afirmou que a crescente incerteza sobre as regras que governam o comércio global já enfraquece o crescimento das exportações e importações, além de ameaçar investimentos, com companhias à espera de mais clareza sobre o quadro.
A OCDE manteve sua projeção para o crescimento dos EUA em 2018 em 2,9%, mas cortou a para 2019 de alta de 2,8% para 2,7%. Ela também reduziu projeções de crescimento da zona do euro e do Reino Unido neste ano e no próximo, citando em parte a falta de clareza sobre as condições para a saída do país da União Europeia, o chamado Brexit. "É vital chegar a um acordo que mantenha a relação mais próxima possível."
Além disso, a OCDE realizou cortes nas projeções para Argentina e Turquia, que têm enfrentado desvalorizações cambiais acentuadas. A entidade espera que a economia argentina tenha contração de 1,9% neste ano, quando antes projetava expansão de 2%. Para a Turquia, projeta crescimento de 3,2%, abaixo do avanço de 5,1% esperado em maio.
Em outras partes do mundo o impacto sobre o crescimento deve ser menor, conforme as elevações de juros nos EUA levam capital ao país, retirando-o de economias em desenvolvimento. "Nós não estamos esperando uma crise", afirmou Boone.
A OCDE advertiu, contudo, que o impacto negativo sobre as economias em desenvolvimento pode ser maior se o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) elevar os juros de modo mais acentuado que o esperado, ou se Argentina e Turquia fracassarem na tentativa de estabilizar o câmbio. "Notícias mais negativas na Argentina ou na Turquia poderiam levar a uma avaliação mais dura no sentimento do investidor sobre as economias de mercados emergentes", afirma a OCDE.
A entidade também disse que os governos de países em desenvolvimento não deveriam cortar impostos ou elevar gastos para impulsionar o crescimento no curto prazo, mas poderiam elevar investimentos em infraestrutura e educação para apoiar o crescimento no longo prazo. Boone ainda mostrou cautela com a política atual de estímulo dos EUA. "Uma política fiscal pró-cíclica quando se está no pico de uma recuperação não é algo que um país deva normalmente fazer", comentou. Fonte: Dow Jones Newswires.
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