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EUA poderiam perder fôlego em guerra comercial global e China, crescer, diz BCE

Gabriel Bueno da Costa

São Paulo

26/09/2018 10h37

O Banco Central Europeu (BCE) afirma, em relatório publicado nesta quarta-feira, que uma "hipotética escalada" nas tensões comerciais para uma guerra global se voltaria contra os Estados Unidos e ainda faria a economia da China crescer um pouco mais, num primeiro momento. Mas a instituição ressalta que as medidas protecionistas anunciadas até agora "terão efeito apenas marginal sobre a atividade econômica global", já que representam uma pequena parcela do comércio mundial.

Uma escalada nas tensões, por outro lado, teria "efeitos globais adversos significativos", alerta o BCE. A instituição reconhece a dificuldade de fazer uma projeção desse tipo, mas ressalta que as consequências negativas certamente aparecerão, com queda na atividade, na confiança e uma deterioração nos mercados, inclusive nas bolsas de valores. É preciso também avaliar os efeitos secundários, pondera o BCE, dizendo que, caso EUA e China apenas troquem tarifas e retaliações, produtos de terceiros países ganhariam competitividade.

Somando-se a piora na confiança, o BCE estima que a economia dos EUA poderia encolher mais de 2% apenas no primeiro ano de uma disputa comercial abrangente, em relação a seu cenário base para o país, enquanto o comércio global poderia cair até 3% ante esse cenário. Na China, por outro lado, o efeito inicial seria positivo, "embora os ganhos diminuam com o tempo". Segundo o BCE, a potência asiática perderia mercado nos EUA nesse caso, contudo conseguiria levar mais produtos a outros países, substituindo exportações americanas.

O BCE ressalta, no relatório, que o impacto geral sobre a atividade econômica de uma suposta escalada protecionista é claramente negativo. A tendência final desse quadro de tarifas e retaliações é de piora no padrão de vida e perda de empregos, afirma o banco central.