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Economia tem base 'sólida', diz presidente da Turquia

Nicholas Shores

São Paulo

28/09/2018 10h13

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou nesta sexta-feira que a economia do seu país tem "base sólida" e as oscilações são combatidas com "medidas estruturais" que "limitam" o seu impacto sobre a atividade e o cotidiano da população. "Estamos prontos para combater as ameaças e os riscos à economia", declarou em entrevista coletiva conjunta com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, durante visita de Estado a Berlim.

Para o convidado internacional, é "muito importante" aprofundar a colaboração econômica com a maior economia da Europa na base do 'ganha-ganha', ou seja, em busca de benefícios mútuos. "Avançaremos, como já foi discutido em ocasiões anteriores, em áreas como transformação digital, tecnologia de ponta e equipamentos de defesa", apontou.

Erdogan disse compartilhar a opinião da Alemanha contrária ao protecionismo no comércio global. Incentivou, ainda, o diálogo com a chanceler sobre a expansão do acordo de Ancara com a união aduaneira da União Europeia, cujas negociações foram suspensas após a reeleição do chefe de Estado turco, em um pleito antecipado para julho deste ano. "Essa iniciativa não deve ser suspensa por causa de obstáculos políticos impostos por alguns grupos", ele comentou, em referência a Estados-membros da UE que se opõem ao aprofundamento do trato.

Com a introdução do sistema presidencial que veio junto com a conquista de um novo mandato, defendeu Erdogan, a Turquia voltou à "trajetória das reformas". Questionado sobre as detenções sem mandado judicial de cidadãos turcos e estrangeiros, inclusive alemães, o presidente afirmou que "todos os países devem respeitar a independência do Judiciário e das suas decisões".

Já Merkel afirmou que é de interesse do seu país ver a Turquia em uma situação "economicamente estável" e que seja capaz de gerar crescimento econômico. Contudo, não escondeu que existem "diferenças" entre os dois governos em questões relativas ao Estado de Direito e à liberdade de imprensa.

"Sigo pressionando a Turquia a resolver rapidamente as detenções de cidadãos alemães", declarou a democrata-cristã, acrescentando que houve avanços em casos individuais, como o da jornalista alemã Mesale Tolu, que até agosto era impedida pela Justiça turca de deixar o país euro-asiático.

Hoje mesmo circulou na mídia alemã a informação de que Erdogan entregou a Merkel uma lista de nomes de cidadãos turcos que queria ver extraditados da Alemanha, entre eles o jornalista exilado Can Dündar.

Apesar de bombardeada por repórteres na chancelaria com perguntas sobre o cerceamento de Ancara ao Estado de Direito e à liberdade de imprensa, a alemã buscou balancear o tom com alguns comentários positivos: "Conversei com o presidente Erdogan sobre a colaboração econômica em energia e em tecnologia", apontou Merkel.