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Aprovação da reforma agora seria bem recebida, diz presidente do Itaú

Aline Bronzati

São Paulo

30/10/2018 13h35

A aprovação ainda neste ano da reforma da Previdência, mesmo que seja no modelo atual proposto pelo Governo de Michel Temer, seria bem recebida pelo mercado, na opinião do presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher. "Seria bom, um ótimo sinal", avaliou o executivo, em teleconferência com a imprensa, realizada nesta terça-feira, 30.

A reforma da Previdência, segundo ele, é a medida mais importante a ser tocada pelo novo governo.

O presidente do Itaú destacou, contudo, que se o País ficar apenas no ajuste da aposentadoria social, corre o risco de entregar um "crescimento medíocre".

Na lista das principais medidas que o novo governo deve priorizar, de acordo com Bracher, além da reforma da Previdência, estão mudanças na educação, focando na igualdade, permitindo que os jovens tenham as mesmas possibilidades.

Segundo ele, o investimento do Brasil em educação está "muito aquém" do visto em países com características semelhantes. Bracher mencionou ainda a importância do novo governo emplacar a reforma política.

"Os jovens terem as mesmas possibilidades em termos de educação deve ser o sonho e o objetivo de qualquer governo. É muito importante fazer uma reforma política que possibilite uma melhor representatividade da sociedade no Congresso, permitindo a formação de coalizões para aprovar reformas importantes", acrescentou o presidente do Itaú.

Reservas internacionais

Bracher considera saudável o País utilizar parte dos US$ 380 bilhões que possui em reservas internacionais para amortizar sua dívida. "As reservas cambiais rendem 1,5% ao ano, que é a taxa dólar, enquanto a dívida tem 6,5% ao ano de custo. É saudável usar parte das reservas para amortizar dívida porque tem impacto fiscal positivo. Temos US$ 380 bilhões de reservas e possivelmente não necessitamos de tanto assim fazer frente às oscilações do câmbio", disse.

O executivo destacou, contudo, a importância de usar as reservas internacionais para amortização da dívida pública de forma gradual para evitar oscilações no câmbio. "É importante ver como fazer isso. Não se pode pegar as reservas e lançá-las de uma vez, pois geraria grande oscilação no câmbio", alertou Bracher, lembrando que o bom volume de reservas, principalmente, nos últimos meses, diferenciaram o Brasil de países que enfrentaram crise cambial como, por exemplo, Turquia e Argentina.

Na visão do presidente do Itaú, é preciso ainda qualificar o uso das reformas internacionais. "Ouvimos muitas coisas ao longo da campanha (presidencial). Pessoas falaram em mexer nas reservas para investir de diversas maneiras. Isso não faz sentido", ressaltou ele, acrescentando que as reservas internacionais são uma poupança do País.

Para Bracher, usar as reservas internacionais para investimento significa gastar poupança. "O País não está em condições de gastar poupança. Precisa, ao contrário, poupar mais", alertou.

Liberdade de imprensa

O presidente do Itaú Unibanco afirmou ainda que a liberdade de imprensa é um princípio fundamental da democracia. A fala do executivo foi em resposta ao questionamento sobre a opinião do banco em relação às declarações do presidente eleito pelo PSL, Jair Bolsonaro, incluindo críticas recorrentes à mídia e também posições sobre minorias.

"Nosso posicionamento não é novo e não mudou. Liberdade de imprensa é um princípio fundamental da democracia. O Itaú respeita e valoriza a diversidade e tem demonstrado isso em inúmeras formas e ocasiões", disse Bracher.