Eunício culpa Guardia por 'resistência' à partilha da cessão onerosa
O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), responsabilizou o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, pelo impasse em torno do projeto de revisão da cessão onerosa da Petrobras, que estava previsto para ser votada nesta semana.
Eunício disse que toda a "resistência" à partilha do bônus com estados e municípios vem de Guardia e que o ministro estaria negociando diretamente com o TCU (Tribunal de Contas da União).
"Esse não é um projeto que já tenha o dinheiro ou que está tirando recurso da União. Esses recursos, como diz o próprio [futuro] ministro [da Economia] Paulo Guedes, são inexistentes. Esse leilão [da cessão onerosa] só acontecerá no próximo ano. Não tem essa angústia toda", defendeu.
"Ele [Guedes] não é contrário [à partilha do bônus com estados e municípios], a área econômica [do governo] não é contrária, a Casa Civil do próximo governo não é contrária, obviamente que o presidente da República não deva ser contrário, já que eles estão dando anuência. A resistência vem toda do ministro Guardia", complementou.
Segundo Eunício, o ministro da Fazenda quer usar o bônus da cessão onerosa para outras questões fiscais e estaria negociando diretamente com o TCU, por isso ele estaria resistente em fechar acordo sobre uma partilha da verba com estados e municípios.
"Ele [Guardia] quer alocar esses recursos para a cláusula [regra] de ouro e para uma cláusula de participação da Petrobras, que, segundo ele [Guardia], só ele e mais duas pessoas sabem dessa negociação que foi feita com o TCU", afirmou. "Eu não sei [do que se trata], não participei disso [negociação]."
Após dizer isso, Eunício voltou a ironizar as negociações da equipe econômica com o Tribunal de Contas da União. "Eu tenho outra convicção, acho que o TCU é um órgão auxiliar, um órgão de fiscalização, mas não é um órgão que pode substituir o Congresso Nacional em matérias que são de lei extraordinária. Se não houver entendimento, vou discutir com eles qual o caminho que vamos encontrar."
As declarações de Eunício têm relação com a frustrada tentativa de votação do projeto, prevista para quarta-feira (28). A apreciação foi adiada depois que o ministro da Fazenda avisou o Palácio do Planalto que não assinaria "de jeito nenhum" a medida provisória (MP) que estava sendo negociada pelo presidente do Senado e o líder do governo, senador Romero Jucá (MDB-RR) para partilhar 20% da arrecadação entre estados e municípios.
A informação foi antecipada pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. A expectativa agora é que o projeto seja votado na próxima terça-feira (4). Se for aprovada alguma emenda, o texto precisa voltar para a Câmara.
Uma das razões para a resistência de Guardia é que a partilha do bônus esbarraria na regra do teto de gastos. Eunício questionou essa visão e disse que os recursos são "inexistentes" porque o leilão ainda não foi realizado e, portanto, não estariam sendo retirados de outras áreas.
"Eu tenho também a convicção de que os recursos da União, segundo o artigo 20 da Constituição, devem ser partilhados com estados e municípios. O petróleo não pertence a um estado brasileiro, mas ao todo do Estado brasileiro, pertence ao país, à nação, a todos os brasileiros. A partilha não entra, inclusive, no chamado teto. Não seria eu, relator do teto [de gastos], que iria descumprir o teto", disse.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.