Inepar encerra recuperação judicial e prepara a venda de sua maior fábrica
Quatro anos depois de entrar em recuperação judicial, a Inepar, grupo empresarial que foi um dos símbolos da economia nacional nos anos 1990, está prestes de encerrar o processo na Justiça. A dívida, que era de R$ 4 bilhões em 2014, foi reduzida agora para R$ 1 bilhão. Entre os remédios aplicados pela Starboard, que assumiu a gestão da empresa e foi a responsável pelo plano de reestruturação, figuraram a venda de diversos ativos, a cobrança de ações judiciais e a transformação de credores em sócios.
Com atuação bastante diversificada - que passava pela fabricação de equipamentos para energia, transporte e óleo e gás à telefonia e até um autódromo -, a companhia se viu abatida tanto por crises econômicas do País quanto por estratégias mal conduzidas por antigos gestores da empresa.
Desde que assumiu a presidência da Inepar, em 2014, o sócio-fundador da Starboard, Warley Pimentel, cortou cerca de metade dos funcionários e sentou à mesa para negociar com uma série de credores. A empresa hoje aproximadamente 800 empregados e 70% de suas dívidas são tributárias.
Com o fim do processo de recuperação judicial, que deverá ser homologado nas próximas semanas, Pimentel vai deixar a presidência da Inepar. Sua saída está prevista ainda para dezembro. A companhia vai buscar um novo executivo com um perfil operacional na área de bens de capital. O empresário Atilano de Oms Sobrinho, um dos fundadores do grupo, teve a participação no negócio reduzida, mas continuará a atuar no dia a dia da Inepar, na sede de Araraquara (SP).
Vendas em série
Para reduzir o endividamento, a Inepar vendeu diversos ativos. O grupo se desfez de seu negócio de equipamentos para hidrelétricas, por R$ 120 milhões, para a Andritz, que já era sócia dessa divisão. A austríaca concluiu a compra de um terço da fábrica de equipamentos para infraestrutura em Araraquara, por R$ 115 milhões. Além disso, a Inepar levantou R$ 120 milhões referentes a ações judiciais que movia contra empresas como Furnas e Petrobrás. A Triunfo ficou com a Tiisa, de construção civil com foco em transporte metroferroviário, por R$ 60 milhões. O grupo se desfez ainda de dois negócios "nanicos": a Inepar Telecom (por R$ 5 milhões) e uma fabricante de capacitores (R$ 20 milhões).
A Inepar também teve de lançar mão de outra medida comum em recuperações judiciais: convencer os credores a converter parte de seus créditos em participação em um negócio combalido. Segundo Pedro Bianchi, sócio da Starboard que também assessorou o processo, outra contribuição relevante para a redução do endividamento foi a adesão ao programa de refinanciamento tributário Refis, o que cortou a dívida de impostos de R$ 1,5 bilhão para os atuais R$ 700 milhões.
Novo acordo
O próximo passo, segundo Pimentel e Bianchi, será a venda dos dois terços restantes da fábrica de Araraquara e do estaleiro CBD, a ser feita por meio de um leilão público, previsto para o início de 2019. A expectativa é que a mineira Geoterra faça um lance de R$ 400 milhões e assuma as dívidas tributárias.
Paulo de Tarso, gestor da Geoterra, que é conhecida como operadora ferroviária independente, confirmou o interesse no negócio ao jornal O Estado de S. Paulo. A companhia, porém, aguarda um aporte de cerca de US$ 3 bilhões a ser captado com investidores de Bielo-Rússia, Alemanha, China e Rússia.
Caso a venda da fábrica e do estaleiro seja concretizada, a Inepar deixará de ter negócios relevantes nas mãos. Restarão apenas operações como o autódromo de Curitiba e a Innovida (de casas pré-fabricadas).
Com a reorganização societária promovida na recuperação judicial, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que fez emissão de debêntures perpétuas (sem prazo de vencimento), deverá ter ações da companhia. Atilano de Oms Sobrinho e a corretora Concórdia terão fatias minoritárias no grupo.
O interesse de investidores estrangeiros em bens de capital tem razão de ser. Segundo José Velloso, presidente da Associação Brasileira de Indústrias de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o investimento em infraestrutura será retomado a partir de 2019. Com isso, a capacidade ociosa das fábricas do segmento deverá ser ocupada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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