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Risco melhorou, mas ainda é elevado, diz Ilan, sobre reformas

Fernando Nakagawa e Fabrício de Castro

Brasília

20/12/2018 16h11

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, reconhece que o novo governo eleito de Jair Bolsonaro tem emitido sinais positivos sobre a agenda de reformas econômicas, mas nota que ainda há risco relacionado a esse tema. "O risco melhorou, a direção e os sinais são bons e a direção é correta, mas o risco ainda é elevado", disse o presidente do BC, Ilan Goldfajn, em entrevista para apresentação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI).

"Estamos observamos os sinais. O próximo governo tem emitido sinais positivos sobre a vontade de fazer as reformas e isso tudo tem ajudado a perceber que o risco de frustração tem diminuído", disse ele. "Então, houve arrefecimento desse risco."

Apesar de menor, o risco continua existindo, ressaltou Ilan. "Temos de ver a tendência. É ao longo do tempo que vamos tendo percepção uma mais sólida. O que colocamos é que estamos vendo melhora nisso, mas ainda é elevado o risco de forma que a assimetria permanece", disse Ilan na entrevista coletiva.

Essa assimetria, explicou o BC no relatório, gera maior risco de que a inflação seja superior à meta que o eventual risco baixista gerado pela ociosidade na atividade econômica. "E claro que no médio e longo prazo precisamos de reforma, consolidação fiscal e eficiência da economia."

Congresso

O presidente do Banco Central afirmou que não cabe à instituição definir a pauta ou a agenda do Congresso. Questionado sobre o que foi discutido na reunião de quarta-feira com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ele afirmou que "temos tido bastante contato com o Congresso para nossa agenda". "Temos explicado a Agenda BC+. Não só agora, mas também ao longo dos últimos anos", acrescentou.

Taxa de juros

Ilan Goldfajn foi cauteloso ao analisar o patamar da taxa de juro neutra - aquela que não gera inflação, nem incentiva a atividade econômica. "Temos um esforço de longo prazo para reduzir a taxa neutra e só vamos saber ao longo do tempo se isso (o esforço) está afetando", disse.

Questionado sobre o patamar detalhado do juro neutro, Ilan afirmou que o BC continua afirmando que o juro básico da economia está em patamar inferior à taxa neutra. "Isso já é uma indicação. O BC não coloca números exatos sobre a taxa neutra", disse.

O presidente do BC comentou que o patamar do juro neutro "depende de consolidação fiscal, eficiência da economia e não só os itens da agenda BC+".

Por isso, Ilan repetiu trecho da ata da reunião de dezembro do Comitê de Política Monetária (Copom) e sugeriu "cautela, serenidade e perseverança" na análise da tendência.

"E não embarcar em momentos onde os cenários são mais voláteis", disse Ilan, ao lembrar que as projeções do BC para o IPCA em 2018 caíram de 4,4% em setembro para o atual patamar de 3,7%. "Consideramos essas mudanças como bastante voláteis e fazer uma afirmação sobre a taxa neutra é um pouco prematuro. É preciso ter cautela, serenidade e perseverança para colher os frutos no futuro", comentou.